Política

Inspector da PJ de Portugal desvenda a causa da tentativa de golpe de Estado de 25 de novembro

O inspector da Polícia Judiciária de Portugal, que participou na investigação dos acontecimentos de 25 de novembro de 2022, disse ao Tribunal que a disputa por um terreno, é a principal causa da entrada dos 4 civis no quartel do exército, e a consequente troca de tiros.

João Pedro varanda, inspector da polícia portuguesa explicou no Tribunal que o falecido Arlécio Costa líder dos antigos operacionais do extinto batalhão Búfalo desencadeou desde o ano 2021 negociações e contactos com todas autoridades são-tomenses, nomeadamente o então primeiro ministro, o então Presidente da Assembleia Nacional Delfim Neves, e pediu audiência ao Presidente Carlos Vila Nova.

Também escreveu cartas para os Presidentes do Gabão e da Nigéria, para sensibilizar todos sobre a problemática do terreno localizado na Lagoa Azul. Um terreno de 300 mil metros quadrados que o Estado são-tomense tinha concedido ao grupo de cidadãos são-tomenses que integravam o ex-Batalhão Búfalos da África do Sul. O terreno em causa tinha sido concedido aos ex-búfalos após terem executado o golpe de Estado de 2003.

O relato do inspector da polícia judiciária portuguesa na sessão de julgamento de 10 de outubro, diz que Arlécio Costa foi confrontado, com a anulação do título de posse do terreno, no dia 11 de novembro de 2022.

Segundo o inspector da polícia portuguesa, tudo terá acontecido por causa da decisão da direcção do património do Estado de rescindir o contrato de concessão do terreno, e sobretudo quando tomou conhecimento que no mesmo dia, o terreno foi entregue a uma empresa privada designada CNN, e ligada ao ex-Presidente da Assembleia Nacional Delfim Neves.

Mais grave segundo as provas da investigação e apresentadas no Tribunal pelo Inspector da PJ Portuguesa, é que o ex-Presidente da Assembleia Nacional Delfim Neves, através da empresa CNN, teve conhecimento da decisão da Direcção do Património de Estado de rescindir o contrato do terreno, antes do próprio Arlécio Costa. No mesmo dia 11 de novembro de 2022, deu entrada na Direcção do Património do Estado uma solicitação da empresa de Delfim Neves pedindo que em caso de rescisão do contrato com a empresa Falcon Group de Arlécio Costa, o terreno fosse atribuído à empresa CNN dominado pelo ex-Presidente do Parlamento.

Diante do Tribunal o inspector da PJ portuguesa que investigou o caso em parceria com o Ministério Público de São Tomé e Príncipe provou que o negócio realizado pela Direcção do Património do Estado de concessão do terreno da Lagoa Azul para a empresa do ex-Presidente da Assembleia Nacional rendeu mais de 1 milhão de euros. A empresa CNN vendeu o terreno que recebeu da Direcção do Património do Estado a favor de uma empresa alemã que pretendia construir uma cidade na região da Praia das Conchas. Cerca de 600 mil euros foram depositados numa conta de Delfim Neves em Portugal, e outros 800 mil depositados numa conta na China.

No mesmo dia que Arlécio Costa perdeu a posse do terreno que tinha sido conquistado como resultado do golpe de Estado de 2003, a CNN de Delfim Neves, ganhou a posse do terreno, 11 de novembro de 2022. Mais uma prova evidente da corrupção, compadrio, e clientelismo que reinam na administração pública de São Tomé e Príncipe, em especial nos casos de concessão de terrenos.

Assim, segundo o relato que consta do processo, o falecido Arlécio Costa, e outros 3 civis, incluindo o arguido Bruno Afonso, realizaram uma operação de reconhecimento no quartel do exército na noite de 12 de Novembro de 2022.

Com ajuda de um militar, conseguiram entrar no quartel do exército na noite de 12 de Novembro.

O inspector da PJ portuguesa João Pedro Varanda considera que o sucesso da operação de reconhecimento de 12 de Novembro criou as condições para a tomada do quartel do exército, que veio a acontecer na noite de 24 de Novembro, até à madrugada do dia 25.

Abel Veiga 

20 Comments

20 Comments

  1. José Pedro Ricardo

    10 de Outubro de 2023 at 13:57

    O caldo entornou-se. E agora???

    • Rui Barros

      10 de Outubro de 2023 at 15:27

      Errata: no meu primeiro comentário, onde se lê “comandante” deve ler-se: ‘ mandante”
      Em aditamento:
      Esse inspector fez muito mau trabalho de investigação ok na realidade, não foi o Governo de JBJ que tirou o terreno ao Grupo Búfalo, e conceder a CNN! Foi sim o Governo de Patrice, na pessoa do então Ministro das Infraestruturas – Carlos Vila Nova que havia retirado uma boa parte do terreno e concedeu a um Grupo chinês, que lá instalou uma pedreira.
      Os expedientes – cartas que o Arlecio havia endereçado os titulares de órgão de soberania, inclusive o Presidente do STJ, era para retirar os chineses. O que era de todo impossível com as maquinárias que lá estavam montados. Os Alemães em negociações com os Chineses, chegaram ao entendimento, o que nada tinha a ver com o Estado.
      Outra questão muito importante é saber, como é que este investigador foi parar a STP neste momento? Por encomenda? Ou foi o Tribunal quem o notificou e pagou as despesas da sua deslocação? Se não foi o caso, está tudo dito? Fui, como sempre!

    • Abdul da Silva Martins

      10 de Outubro de 2023 at 15:58

      Esse português não está a ser sério! Tudo truques. Ele não está falar verdade. Porquê que não chamaram os peritos da ONU e CEEAC para prestarem testemunhos???? Esse português sabe muito

  2. alberto costa

    10 de Outubro de 2023 at 14:08

    Lá vem o pula Português tentar branquear o assunto.
    Está onde outros três para confirmarem ?
    Foram mortos.
    Foi Queima de Arquivos premeditado.
    Este f**** da p*** preparou e organizou-se bem para ajudar o MP e PJ estudou bem a lição para apresentar como testemunha no julgamento.
    É solução.

    • António Faria Costa

      10 de Outubro de 2023 at 14:39

      Contra factos não há argumentos.

  3. Rui Barros

    10 de Outubro de 2023 at 14:34

    Este inspector tem dados completamente falsos que dificilmente, consegue convencer a pessoa de bom senso. Senão vejamos:
    Primeiro: A lei fundiária em STP, não permite venda do terreno do Estado.
    Segundo: Ainda que permitisse essa possibilidade a venda de bens imóveis faz-se por via de escritura pública (prova inexistente).
    Terceiro: Ao observar a data de concessão do terreno a empresa CNN consta o mês de Abril 2021 e consequente venda das acções da empresa (não do terreno).
    Quarto: Não existe quelwuer documento sobre venda do terreno e mesmo o valor transferido nada tem a ver com o terreno.
    Quinto: Pelo que consta no relatório publicado por MP, toda essa operação foi realizada em 2021.
    Sexto:No dia 11 de Novembro/22, como foi dito pelo inspector o ex Presidente da Assembleia já tinha cessado as funções, logo, já não podia exercer qualquer tipo de influência do poder nesta operação. O quê que isso tem a ver com a corrupção?
    Sétimo: Se a investigação conclui que foi por causa do terreno, que motivou o dito assalto ao quartel para eventual “golpe de estado”, e se o ex Presidente da Assembleia era o cúmplice na operação pela retirada do terreno ao Arlecio ou seu grupo, como é que foi incitado publicamente por Primeiro-ministro como um dos comandantes e hipotético financiador da operação? O que motivou a sua detenção por mais de 100 horas? É muito contraditório!
    Oitavo: Como é que um inspector faz essas declarações perante o tribunal e não os coloca no relatório das investigações feita pelo próprio, bem assim o Despacho do MP, que ilibou Delfim Neves de eventual participação nesta operação?
    Como é que uma operação de terreno pode estar intrinsecamente ligado a uma possibilidade de “golpe de estado’ logo a entrada em funções de um poder que nada tinha a ver com a operação? Porquê que os ditos promotores desta “intentona” não as fez enquanto estava no poder todos os membros do executivo que concedeu o terreno inclusive o ex Presidente da Assembleia?
    Por Baixo deste angú tem muitos ossos!!!!!! Tudo organizado para encontrar um culpado a qualquer custo!!!! Fui!!!

    • VAI TU

      11 de Outubro de 2023 at 15:40

      Quem não quer ver é cego.
      Muitos dos autores destes comentários devem ser formados, por Universidades de S.Tomé.
      Um benfiquista nunca aceita os factos de que o adversário foi melhor.
      Baseiam as afirmações, em pressupostos do jornal boca-boca.

  4. EX

    10 de Outubro de 2023 at 16:03

    ohh Pai do Céu como uma dispuita de Terreno pode estar ligado a essa situação lamentavel?
    Estão quer criar a narrativa de que Arlecio Oquestrou o Golpe de Estado para reaver o Terreno, mesmo sem antes tentar uma disputa judicial, ou pelo menos impugnar a decisão do Patrimonio do Estado?

    E agora?

    Então a tentativa de Golpe é real? Para que finalidade? O Sr. Inpector se explique

  5. JM

    10 de Outubro de 2023 at 16:38

    Onde andam os investigadores da PJ de São Tomé? Pelo que foi anunciado inicialmente, a PJ de Portugal apenas veio auxiliar e agora vem assumir a liderança das investigações? Esse tal de Varanda que apresente provas do que disse, se não, é muito fácil acusar e atribuir culpas as ossadas, enfim, só justiça divina.

    • DT

      10 de Outubro de 2023 at 20:11

      Este é inspetor da PJ portuguesa é mais mediocre que já vi em toda minha vida. Para além de incopentente, também é adrabão. Oquê que negócio do terreno tem a ver com golpe de estado?

  6. Observador atento

    10 de Outubro de 2023 at 21:48

    Vejo uma incoerência entre o título desta notícia e o conteúdo.

    Para quem não sabe, um golpe de estado é uma ação ilegal e geralmente violenta em que um grupo, normalmente militares ou políticos, toma o controle do governo de um país de forma rápida e abrupta.

    E o que li no texto é que o inspetor “disse ao Tribunal que a disputa por um terreno, é a principal causa da entrada dos 4 civis no quartel do exército, e a consequente troca de tiros”.

    Em nenhum momento li que da boca do inspetor saiu a palavra golpe de estado.

    Agradecia uma escrita mais clara, sobretudo no momento atual

  7. maria sousa

    11 de Outubro de 2023 at 8:27

    Só mesmo em STP.
    Este pula deveria é se calar, (não se meter, qual testemunho, qual quê), e não tentar por manobras que só lá do Céu sabe querer infernizar ainda mais a nossa justiça, que ele sabe e conhece a sua fragilidade. Essa investigação tem batota. Onde estão os mortos para contra-responderem? Tudo encomenda desse carrasco do PT, assassino, e saqueador do país.

  8. maria sousa

    11 de Outubro de 2023 at 8:29

    Desvenda mais é porra! Desvenda o que lhe foi pago para fazer. Essa investigação é batota!
    Deveria é cruzar, também, o relatÓrio da CEEAC.

  9. Gerhard Seibert

    11 de Outubro de 2023 at 11:03

    De facto, este artigo contém algumas incorreções. A empresa CNN – Clube Nacional de Negócios do então presidente da AN, Delfim Neves (ex-PCD, Basta!), não vendeu o terreno ao empresário Titus Gebel, mas a concessão do terreno na Praia das Conchas. Em 10 de março de 2021, a CNN tinha recebido esta concessão de 190.7 ha na Praia das Conchas. Em 5 de maio de 2021, Delfim Neves vendeu 185 ha desta concessão por €1.387.500 ao alemão Gebel. Então parece que este negócio pessoal de Delfim Neves não tinha a ver com uma outra concessão de terreno na Lagoa Azul, também concedida ao Falcon Group, em 2003, e mais tarde retirado pelo Estado.
    Além disso, a empresa do Gebel não queria construir uma simples “cidade” na Praia da Cochas, mas uma “cidade privada”, uma zona extraterritorial para estrangeiros ricos onde o Estado santomense não exercia nenhuma soberania.
    Seja com for, o mais importante nas declarações do sr. Veranda é que existia uma ligação direta entre o negocio privado de Delfim Neves com a propriedade do Estado e o assalto ao quartel, em 25 de novembro.

    Gerhard Seibert

    • Rui Barros

      19 de Outubro de 2023 at 15:57

      Como assim,Sr. Seiber!
      Senhor acha que Arlécio precisava de assaltar o Quartel para inquietar Delfim Neves? Que ligação directa têm acções tão distintas??? O Sr. Faz-se de investigador jornalístico ou faz parte do sistema da matança? Quem é o Sr. Afinal de contas? Antes de 25 e Novembro o Sr. Produziu e publicou um artigo sobre o dito “negócio de terreno” que ninguém até então, ninguém conseguiu domonstrar qualquer prova! O que está publicado é venda de acções de uma empresa, que até prova em contrário é perfeitamente legal. Na minha humilde opinião o Sr. Deveria ser constituído testemunho nesse processo para dizer o que sabe sobre o assalto ao quartel. Os seus argumentos são muito estranhos! Fui!!!!

  10. José António

    11 de Outubro de 2023 at 11:06

    Quando o caso envolve o vosso chefe Delfim Neves vocês entram em Pânico
    Se o homem diz aquilo que investigou é porque está a mentir. Então vocês que não investigaram nada é que sabem de tudo? Ou será que vocês também participaram na preparação do assalto ao quartel.
    O investigador alemão o tal jornalista que sempre escreve comentários de S.Tomé confirmou com provas proprias a venda e o deposito do dinheiro da venda do terreno nas contas do Delfim em Portugal e na china e vocês vêem dizer que não houve vendas de terreno?
    Então o quartel foi ou não assaltado. Podemos dizer que não houve golpe de Estado. Então houve sim o assalto ao quartel, Como é que estas pessoas apareceram no quartel, o tal Lucas e companhia limitada. Foram lá para tentar conquistar alguma garota ou conquistar algum militar?

  11. Bem de S.Tome e Príncipe

    11 de Outubro de 2023 at 19:35

    O que preocupa o mandante da intentona do golpe é o vazamento dos vídeos de torturas nas redes sociais e o sobrevivente Lucas. Se não fosse isso, a maioria do publico acreditaria de facto numa tentativa de golpe de Estado.

  12. Mepoçom

    12 de Outubro de 2023 at 7:03

    O amor a dinheiro falou mais alto no meio de toda esta história. Ainda bem que está anexado ao processo cópia de documento comprovativo e assinado por próprio Delfim Neves em que fazia transferência do lucro da venda para Portugal e China. Que os comentadores consultem o processo. Não me venha dizer que foi forjado. O trabalho do inspector foi feito com muito profissionalismo e competência

  13. rodrigo cassandra

    13 de Outubro de 2023 at 11:04

    Meus senhores vamos ser honesto e dar o beneficio de duvidas a nossa Justiça pese embora as suas incoerencias , há verdades que são tão claras que por mas que queiramos não conseguimos as desmentir mesmo aqueles que fizeram o Mestrado na Universidade de Riboque , esperemos a evolução dos factos gostaria de houvir o Delfim Falar, o Jorge Bom Jesus Falar os quadros de Património falarem , todos deveriam ser ouvidos para o esclarecimento da opinião pública , não estejamos a emitir nem opiniões , muito menos suposições,os depoimentos no Tribunal a Luz da Lei se forem falsos constitui crime , sejamos honestos, quartel não é discoteca que cada um paga bilhete e entra várias vezes nem é hospital onde se vai visitar doente. Fui militar e jurei bandeira teria eu se hoje estivesse no Quartel tido a mesma atitude ou pior, que raio de país que os mesmos protagonistas por três vezes assaltam o Quartel, sejemos honestos .Já fui

    • Carmén TROVOADA

      14 de Outubro de 2023 at 23:09

      Seja como for, este senhor inspector português foi remunerado para vir testemunhar MENTIRA MONTADA sobre o pretendido FALSO GOLPE DE ESTADO que nunca existiu…mas o português em questão, confirmou o que já sabiámos sobre os responsáveis deste massacre,cuja a cabeça é o Patrice Trovoada, pois que ele tem por costume de complotar execuções ou seja torturas criminosas. Infelizmente, o português não cumpriu bem esta missão, e até porque expôs mais a verdade da responsabilidade do Patrice T. a nu.
      Prisão imediata para o Patrice Trovoada e os seus cúmplices, Vila Nova, Afonso Varela, Armindo, Jorge Amado, o seu guarda-costa.

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