Política

Está a ser escrita a história da luta de libertação nacional dos PALOP

A elaboração da história de libertação nacional nos países africanos de língua portuguesa é um desafio lançado por Pedro Pires, antigo presidente da república de cabo-verde, e pelo presidente angolano João Lourenço no quadro das preocupações com o legado de libertação das antigas colónias portuguesas. 

Grupos de historiadores dos respetivos países abraçaram o desafio e os trabalhos estão em marcha, obedecendo a vários métodos e técnicas de investigação privilegiando a combinação de várias fontes.

«Nomeadamente, o diálogo, o cruzamento das fontes, fontes históricas, documentais, recolha de depoimentos, um extenso trabalho nos arquivos e nas bibliotecas» – destacou Nazaré Ceita, coordenadora do projeto em S. Tomé e Príncipe.

Nazaré Ceita a direita

O antigo presidente da República, Miguel Trovoada, presente na apresentação do projeto, esta terça-feira, considera que a perspetiva de abordagem da luta de libertação de S. Tomé e Príncipe deve recuar um pouco mais, no tempo.

«A primeira organização foi o CLSTP (Comité de Libertação de S. Tomé e Príncipe). Já tínhamos tido uma presença na Organização das Nações Unidas, já tínhamos assistido à nascença da Organização da Unidade Africana em Adis Abeba em 1963 e, tudo isso, era o CLSTP que já era uma organização de luta de libertação de S. Tomé e Príncipe. Não podemos ver uma apresentação de luta de libertação de S. Tomé e Príncipe com depoimentos em que nada disso é realçado e pretende-se que a história de S. Tomé e Príncipe comece depois de 25 de Abril. Isto não é verdade. 25 de Abril é uma consequência da luta de todos os nossos povos, incluindo S. Tomé e Príncipe e também dos democratas portugueses e da comunidade internacional que lutava pela libertação e dignificação do homem».

Miguel Trovoada, saúda, no entanto, a iniciativa, convicto que “ela avance de uma forma holística, objetiva e que se faça justiça à história”.

Em matéria de escrita a história da luta de libertação nacional dos PALOP vai ser elaborada em três volumes.

O primeiro comporta as características das sociedades africanas no último quartel do século XIX até 1945, do pensamento nacionalista à formação das organizações políticas (1945-1966), bem como a clandestinidade.

O segundo volume centra-se na luta de libertação nacional (1961-1974), a administração das zonas libertadas, a frente político-diplomática e as mulheres na luta. O terceiro é reservado as transições para as independências.

A nova história de luta de libertação nacional dos países africanos de língua portuguesa deverá estar concluída em finais de 2025.

José Bouças

3 Comments

3 Comments

  1. GANDU@STP

    10 de Abril de 2024 at 10:36

    Bom dia STP!

    A iniciativa E boa, mas temos de ter em conta os esforccos do “Todo Poderoso Inimigo” que de forma alguma vai aceitar ou concordar com a verdade.

    Muito tem se dito, e escrito acerca da luta de Libertaccao de Africa! Since this Aliens arrived on their ships, they killed and enslaved our people. They took over and had been looting our Motherland till today.

    Para mim, a nossa histOria nunca serA contada de forma honesta, pois o “inimigo” ainda exerce poder sobre Africa.
    nOs obtemos independencia Politica e Administrativa, mas os nossos lideres ainda prestAo contas ao Homem Branco.

    O NEACOLONIALISMO is alive and well. A luta ainda nAo terminou!!!

  2. Nini Bom Negro Africano Santomense

    10 de Abril de 2024 at 18:15

    Meu caro amigo Filinto Costa Alegre está lá bem esticado. Assim mesmo Kota. Ensina eles.
    Miguel Trovoada tem razão. O fundamental e o essencial de base é que a libertação seja um processo continuo. Temos de treinar os mais novos/as para manterem o espírito de quererem ser livres e na oposição contra a exploração e os maus tratos.
    Questiono a liberdade económica dos PALOPS. Também: Estamos a perder a nossa cultura, tradição, bons hábitos, nossas músicas, nossa comida biológica, nossa paz e tranquilidade.
    Há muitos desafios. Nomeadamente sair sob o controle político, económico e social de Portugal. O argumento não é abandonar completamente Portugal porque temos uma história longa com os Portugueses. Temos sim de sair de casa (sentido figurativo) depois de 18 anos (1993) e procurar própria subsistência e sermos adultos responsáveis na gestão do nosso querido e lindo país, São Tomé e Príncipe; ilhas maravilhosas que adoro profundamente bastante. Tenho saudades. Qual é o legado de 12 de Julho de 1975?

    Aprecio ler este comentário:

    “A primeira organização foi o CLSTP (Comité de Libertação de S. Tomé e Príncipe). Já tínhamos tido uma presença na Organização das Nações Unidas, já tínhamos assistido à nascença da Organização da Unidade Africana em Adis Abeba em 1963 e, tudo isso, era o CLSTP que já era uma organização de luta de libertação de S. Tomé e Príncipe. Não podemos ver uma apresentação de luta de libertação de S. Tomé e Príncipe com depoimentos em que nada disso é realçado e pretende-se que a história de S. Tomé e Príncipe comece depois de 25 de Abril. Isto não é verdade. 25 de Abril é uma consequência da luta de todos os nossos povos, incluindo S. Tomé e Príncipe e também dos democratas portugueses e da comunidade internacional que lutava pela libertação e dignificação do homem».

  3. Rei Amador

    10 de Abril de 2024 at 19:52

    O Santo Desconfia de Portugal.

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

To Top