Política

Ordem dos Médicos pede “Pacto de Regime” para salvar a saúde enquanto a ministra não tem o novo hospital à vista

«Não é concebível que anos sucessivos nos orçamentos gerais do Estado, o valor atribuído a saúde seja praticamente para manter o que já existe, ou então, o que vai no papel não se vê na prática. Não tem havido investimento necessário».

A declaração é do bastonário da Ordem dos Médicos, Celso Matos.

Recentemente a classe médica de São Tomé e Príncipe reuniu-se em congresso. A Ordem dos Médicos fez o balanço e constatou que a classe política dirigente ainda não considera o sector da saúde como a prioridade máxima. Segundo Celso Matos, nas últimas duas décadas a saúde dos santomenses tem sido negligenciada.

«Demagogias e hipocrisias à parte, não temos como afirmar que a saúde tem sido uma prioridade para o Estado santomense, nem para a maioria da população do país, a julgar pelos nossos hábitos, comportamentos e acções», frisou.

Foto : Celso Matos – Bastonário da Ordem dos Médicos de São Tomé e Príncipe

Os deputados à Assembleia Nacional, também designados por lei como representantes do povo, foram desafiados pela Ordem dos Médicos, a criarem um Pacto de Regime para salvar a saúde de São Tomé e Príncipe.

«Desafio os nossos deputados e os partidos políticos a um pacto de regime na Assembleia Nacional para que nas próximas 3 legislaturas a saúde seja a prioridade das prioridades, com atribuição de 10% do Orçamento do Estado a Saúde, além dos valores actuais que são para cobertura das despesas correntes», precisou Celso Matos.

Nos últimos anos na abertura de cada legislatura no país, ou seja, depois de o povo ir às urnas e mandar os seus novos representantes para o poder, o hospital Central Ayres de Menezes é uma das primeiras instituições que recebe a visita do primeiro-ministro, um cargo emanado pelo povo através da eleição dos seus representantes no parlamento.

Jorge Bom Jesus, ex-Primeiro Ministro, esteve no hospital central em 2018. Patrice Trovoada que tinha visitado em 2014, regressou em 2022. O Presidente da República Carlos Vila Nova, assim que tomou posse em 2021 marchou em primeiro lugar, pelos corredores das enfermarias do Hospital Central Ayres de Menezes. Mas, a situação da saúde só agravou. Ainda no último fim de semana Patrice Trovoada, Chefe do XVIII governo constitucional foi visitar os pacientes internados no Hospital Central Ayres de Menezes.

São Tomé e Príncipe continua sem um plano estratégico para o desenvolvimento sustentável do sector da saúde. A assistência médica é gratuita tanto nas urgências, como nos blocos operatórios e nas enfermarias. O hospital central que estava para ser modernizado desde o ano 2015, através de um donativo de 17 milhões de dólares concedido pelo Fundo do Kuwait, já não vai ser modernizado.

Isto apesar de Patrice Trovoada ter garantido na visita que fez ao hospital em Novembro de 2022 que «os ministros da saúde e das infraestruturas têm orientações para ver como arrancar o mais rápido possível com este projecto. Penso que dentro de mais algumas semanas, esse projecto vai arrancar», declaração do primeiro-ministro em novembro de 2022, depois de ter denunciado que a situação no centro de saúde de referência era crítica. Nem água havia nas torneiras. No entanto a mesma situação prevalece.

Já em setembro de 2024 a Ministra da Saúde Ângela Costa veio desmentir a palavra dada pelo primeiro-ministro no mês de Novembro de 2022. Segundo a governante, ao contrário do que foi definido no projecto de modernização com o Fundo Kuwait assinado em 2015 pelo XVI governo constitucional liderado pelo Dr. Patrice Trovoada, e reforçado com o mesmo líder, na qualidade de chefe do XVIII governo constitucional, agora vai ser construído um hospital de raiz e, portanto, fora do recinto do Ayres de Menezes.

Ângela Costa esclareceu também que o projecto de construção do novo hospital de referência, não tem data de arranque, não tem orçamento feito, e nem o lugar definido.

«Mesmo se começarmos as obras do novo hospital, não vão terminar em 2 ou 3 anos. Temos de fazer o estudo de viabilidade e de impacto ambiental, e depois irmos junto ao financiador(Fundo do Kuwait) e apresentar a proposta definitiva», afirmou a ministra.

Sem projectos ou acções políticas concretas para salvar a saúde em São Tomé e Príncipe, a Ordem dos Médicos propõe aos deputados da Nação um “Pacto de Regime” para a saúde.

Abel Veiga

3 Comments

3 Comments

  1. ANCA

    25 de Setembro de 2024 at 14:10

    Repensar São Tomé e Príncipe

    Organização, trabalho, rigor, responsabilidade, responsabilização.

    Antes de realizarmos quaisquer projectos há que ter em mente conceitos, de transparência, de rigor, de justiça, de segurança, protecção, responsabilização.

    Sendo São Tomé e Príncipe, um pequeno país insular, com dupla insularidade, onde o orçamento do estado depende da ajuda externa, onde na sociedade há persistência de falta de rendimento social e famíliar, onde o número de desemprego é elevado, onde há carência de infraestruturas de saúde, temos necessidade de madar de paradigma, pois que depndemos da caridade dos outros povos a nivel de tudo, medicamentos, detergentes, reagentes, compressas, etc, etc,…

    Então o nosso sistema de saúde jamais pode ser somente gratuito, tem que haver uma tendência de pagamento pelos serviços de saúde cuidados prestados, quer nos hospitais, quer nos centros de saúde.

    A nossa moeda está aclopada ao euro, seria bom estruturar os serviços de modo a que a população pudesse pagar 10, 20, 30, cêntimos de euros, mediante estudo, pelos serviços e analises feitas, de modo a fortalecer os serviços, de modo como se faz com a venda de arroz do Japão, criação de fundo de contrapartida, para manutenção dos serviços, materiais, etc,…quem diz na saúde diz-se da Administração…assim se estrutura, se desenvolve o sector da saúde e os serviços no pais.

    A ideia de que os governos tudo tem que fazer e pagar, num país pobre, dependente e insular, jamais compadece com desenvolvimento, progresso, modernização, os governos devem criar as condições sim, as infraestruturas, reestruturação, modernização dos serviços, mas a gestão deve ser instituição, com organização, rigor e responsabilização.

    Assim também se se quer a manutenção desenvolvimento, as infraestruturas no sector das energias, dos transportes, marítimos etc etc

    Temos que habituar que jamais há almoços gratis, e aproveitar para modernizar a sociedade.

    Ao mesmo tempo isto servira de incentivo ao rendimento, trabalho, produção produtividade, emprego.

    Se se és de São Tomé e Príncipe ajudemos a desenvolver a nossa sociedade o nosso país

    Pratiquemo o bem

    Pois o bem

    Fica-nos bem

    Deus abençoe São Tomé e Príncipe

  2. ANCA

    25 de Setembro de 2024 at 14:12

    Claro que ninguém deve ficar sem assistência ou acesso ao cuidados de saúde.

  3. Santo António

    25 de Setembro de 2024 at 14:31

    O PT foi visitar o HAM para quê? Se ele não disponibiliza os fundos necessários para manter funcional este Centro de referência nacional?

    É admissível que o sector da Defesa tenha maior OGE que a saúde? Porquê em manter uma corja enorme e improdutiva de indivíduos num país que não produz riqueza? Se calhar para defender os interesses do chefe, e salvar o 25 de Novembro de 2022

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