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“Excessiva partidarização tem dificultado o desenvolvimento local”

A constatação é do Presidente da Câmara de Cantagalo, Paulo Bacuda, num seminário organizado pela Federação das ONG em São Tomé e Príncipe na cidade de Santana.

O evento aconteceu na Câmara local, quarta-feira, 20 de Abril, pelas 14h00, e reuniu cerca de 30 pessoas para debaterem o desenvolvimento do Distrito de Cantagalo e a participação cidadã nesse processo. Durante duas horas, os líderes comunitários puderam expor as suas maiores preocupações e as prioridades das suas comunidades, e discutiram as razões que justificam o estádio do desenvolvimento nesse distrito.

Uma das confirmações feitas pela Federação das ONG em São Tomé e Príncipe é a falta de articulação entre o poder local e as organizações. Ao longo de vários debates que a FONG vem dinamizando nos distritos, esta preocupação tem sido recorrente. “O Presidente da Câmara de Cantagalo tomou posse há mais de um ano. Mas se lhe perguntarmos quantas organizações existem no distrito, teria dificuldade em responder. A Câmara deve estar em sintonia com as comunidades e suas organizações. Por isso, agradeço a organização deste seminário porque é uma oportunidade para aprendermos e expormos os nossos problemas. Estando o Presidente aqui, ele deve registar,” disseCristino Pereira, líder comunitário de Água-Izé.

Ainda a volta deste assunto, o líder comunitário de Pinheira, Celestino Isabel Pereira, reclamou que “as coisas que ficaram de fazer em Pinheira não se realizaram até agora e não sabemos porquê. É bom esclarecer as pessoas os motivos pelos quais não realizam determinadas coisas.É preciso que, quando há projecto não realizado, nos expliquem porquê. Nós estamos aborrecidos com a Câmara. A Câmara também deve ter os seus problemas, mas não os conhecemos. Quando não nos dizem nada, pensamos que é pouco caso.”

Em relação à organização das comunidades, Manuel Vicente, da comunidade de Mato Cana, acredita que uma comunidade organizada terá melhores resultados, mas as pessoas já perderam a esperança em dias melhores. “Nós temos problemas desde estradas até as habitações. Os líderes comunitários só não fazem mais porque não podem. As pessoas não pagam quotas porque perderam esperança no desenvolvimento. Logo, deixam as comunidades e vão para cidade, onde tem boa água, estrada, luz, hospital, escola, etc.” Vicente reconheceu que as pessoas nas comunidades também cometem erros e exemplificou com uma situação em que “um ministro inaugurou uma obra, mas antes de chegar a capital, um individuo pegou numa marreta e destruiu tudo. Isso não pode”, terminou indignado.

Alda Bandeira, que vem dinamizando estes seminários pelos distritos, norteia que “uma das coisas que o poder local deve fazer é criar uma base de dados onde constam todas as organizações do distrito. Isso é crucial. Não se consegue resolver nada quando não se conhecem os problemas e as pessoas afectadas. Esse levantamento é importante.” Em relação a falta de articulação entre a Câmara e as organizações reclamada pelos líderes comunitários, Alda Bandeira orienta que “a informação é muito importante até para evitar confusão. Quando há um projecto, deve ser discutido com toda gente, e os poucos recursos disponíveis, as pessoas devem decidir o que fazer com eles. E quando isso não acontece, o poder local deve explicar porque motivo não se fez. Senão, as pessoas julgam o poder local como bem entenderem”, concluiu.

Paulo Bacuda, Presidente da Câmara de Cantagalo, que tomou a palavra para responder às preocupações dos presentes, reconheceu que há comunidades bem organizadas, mas há ainda muito pouca dinâmica dos líderes comunitários na resolução de problemas comuns.

A partidarização tem contribuído para que as comunidades estejam desorganizadas e pouco desenvolvidas, segundo Bacuda, ao afirmar que “a maior parte da população em Cantagalo é passiva. As pessoas estão partidarizadas. Nós devemos abandonar aquele preconceito de que nós pertencemos ao partido A ou B e abraçar aquela pessoa, grupo ou organização que está a fazer a diferença na nossa comunidade.”Bacuda determina que não podemos estar agarrados aos ideais partidários quando isso não nos ajuda a resolver os problemas colectivos, pois as “pessoas tornam-se passivas porque se deixam influenciar e deixam de participar porque entendem que o mérito vai ser do partido que não é seu, esquecendo que o bem é para a comunidade.”

Esta acção surge no quadro do projecto Sociedade Civil pelo Desenvolvimento, uma iniciativa conjunta da FONG e ACEP, e já percorreu todos os distritos do país.

Fonte – FONG – STP

4 Comments

4 Comments

  1. semeador

    25 de Abril de 2016 at 13:29

    É uma pena que o povo se separe por causa dos Malditos partidos .

    Malditos sim , porque são eles uma das causas que fazem com que o povo não sejá unido.

    São eles que fomentam intrigas partidárias e transmitem a população.

    A vingança será do Altíssimo com fogo devorador e enxofre ardente, nem a morte farão eles escarrem dela .

    Malditos serão no dia do Juízo Divino caso não se arrependam amargamente dos seus pecados.

  2. Revoltado

    25 de Abril de 2016 at 18:42

    O Bacuda Partidarizou a nossa camara e tem pago alguns jovens para estarem infiltrados em alguns grupos para saberem se estão falando mal dele. Esse iguinorante tem dias contados…

  3. CAL

    26 de Abril de 2016 at 9:26

    CAL-Significa Curso de Administração Local, sou um dos jovens quadros da Administração Local, formado pelo CEFA Centro de Estudos e de Formação Autárquicas – Coimbra/Portugal terminamos a formação em 2004,e fomos cerca de 28 jovens e foram distribuídos todos para as Câmaras Distritais e a Região Autónoma do Príncipe, hoje todos estão a ser perseguidos e isolados pelos actuais Presidentes das CCâmaras e os Vereadore e todo staff, até os coveiros estão a ser perseguidos, mesmo assim o Paulo Bacuda, fala na partidarização, a partidarização começou próprio na Câmara funcionários vão para o serviço nas câmaras e ficam sentados e não fazem nada porque são do Partido A, Partido C e D.

  4. SAMPONHA

    27 de Abril de 2016 at 15:38

    SORRISO DE PSTRICE ESCONDEM O LIXO DA CIDADE
    O lixo é hoje o cartaz de visita da cidade santomense. O lixo está em toda a parte da cidade e o presidente da câmara distrital já veio dizer que as forças de bloqueio do Messias (Governo) têm deixado a cidade a imagem do tão famoso e proclamado Dubai.
    É triste ver a cidade assim, o mais preocupante é que ninguém faz nada, e o ADI e os seus seguidores andam iludindo a população que o governo está a trabalhar e o país está a mudar.
    Trago-vos as imagens reais de um país em que o primeiro-ministro prometeu transformar em Dubai.

    Dubai agradece.

    A SEGUNDA TROMBETA DO APOCALIPSE
    AYRES DE MENEZES O CALVÁRIO DOS SANTOMENSES
    É triste e lamentável a situação actual do único hospital Ayres de Menezes. A falta de meios materiais, humanos e de higiene são o passaporte para o cemitério de qualquer doente que da entrada no Ayres de Menezes.
    Cheguei ao hospital e o rato não perdeu tempo para me dar boas vindas, em pleno serviço de urgência, o cheiro da casa de banho serviu para abrir o apetite de um estômago a procura de digestão, os doentes acamados outros em pleno chão, esperam pela alta medica ou até mesmo pelo bilhete de passagem para o descanso eterno.
    Tudo é possível em São Tomé e Príncipe, as propagandas nos meios da comunicação social escondem os reais problemas do País e exaltam um primeiro-ministro populista e demagogo.
    O pior é saber que os melhores dias tardam em chegar e o regresso à casa é uma incerteza, como é o caso de uma paciente com fractura no braço, vindo da região autónoma do Príncipe, teve como cama o chão frio do hospital e como travesseiro a sua mala de viagem.
    É uma situação triste que contribui para aterrorizar ainda mais o estado de um doente, sabendo de antemão que o primeiro-ministro Patrice Trovoada faz-se de cego e a ministra da saúde de albina, e não procuram a luz para iluminar os doentes do Ayres de Menezes.
    Patrice até quando paras dessas políticas de propagandas e começa a pensar mais no povo?
    Será que o senhor não tem conhecimento desses factos?
    Os balúrdios que o malabarista do Patrice gasta em viagens ou nos pagamentos às empresas para o fabrico ilegal de novas notas, não deveriam ser canalizados ao hospital Ayres de Menezes?
    Tirem as vossas conclusões, eu não me vou calar pela propaganda enganadora que se instalou em São Tomé e Príncipe.
    A FOTO DA PACIENTE CONFIRMAM QUE EU NÃO MINTO.
    Gorgulho dos Raios!
    O nosso País carece de bombeiros para transportar os pacientes. O capitão em que o aparatoso acidente tirou-lhe a vida ficou cerca de 15 minutos no local a espera do socorro As duas ambulâncias em que o Centro Hospitalar do Distrito de Cantagalo possui, concretamente em Água Izé encontram-se avariadas.
    O Centro Hospitalar de Água Izé possui apenas uma Enfermaria com cerca de 6 metros de comprimento e quatro de largura para os pacientes de ambos os sexos,homens, mulheres e crianças e de diversos tipos de doenças. Mas, o Governo está preocupado com inaugurações dos chafariz em que as torneiras correm em gotas. Se em uma zona corre a água numa distância de um kilometro já não corre, mesmo nas zonas em que a água e energia não faltavam.

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