Em entrevista à ONU News, o representante da Organização Mundial da Saúde, OMS, na China explica o que os outros países podem aprender com o país onde surgiram os primeiros casos do vírus.
A experiência da China em conter o novo coronavírus pode servir de exemplo para outros países que enfrentam a pandemia de Covid-19. As declarações são do representante no país da Organização Mundial da Saúde, OMS, Gauden Galea, em entrevista à ONU News.
Mais de 153 mil casos foram confirmados em todo o mundo desde domingo, mas na China o número de novos casos vem caindo, mostrando que a trajetória da pandemia foi alterada.
Combate
Gauden Galea afirmou que “a epidemia foi interrompida quando crescia e parou de expandir” e que isso “está muito claro nos dados” que a agência tem disponíveis.
Segundo ele, a grande lição é que “o rumo natural do surto não precisa ter um pico muito alto que sobrecarregue os serviços de saúde” e que isso pode ser evitado.
A OMS acompanha o caso desde 31 de dezembro, quando foi informada pela primeira vez que “uma pneumonia de causa desconhecida” havia sido detectada em Wuhan, a maior cidade da província de Hubei, no centro da China.
Nessa altura, havia três perguntas principais: como o vírus estava sendo transmitido, qual sua gravidade e que medidas de controle eram eficazes.
Galea diz que as primeiras três semanas foram passadas a buscar respostas para essas perguntas. O especialista e outros colegas viajaram para Wuhan de 20 a 21 de janeiro, dias antes de a cidade ser sujeita a um bloqueio.
Isolamento
O representante diz que os moradores da cidade pagaram um “preço alto”, mas “ganharam tempo” para a China e o resto do mundo.
Segundo ele, “essa contenção foi eficaz e permitiu que o restante da China pudesse conter o surto.” É por isso que existem um pequeno número de casos vistos fora de Hubei.
Após duas reuniões do Comitê de Emergência da OMS, o chefe da agência, Tedros Ghebreyesus, declarou a nova doença uma emergência de saúde pública de interesse internacional em 30 de janeiro. Na semana passada, Tedros anunciou que poderia ser caracterizado como uma pandemia.
Lições
Com o número de casos na China em declínio, a OMS está agora trabalhando para compartilhar as lições aprendidas.
Galea diz que “normalmente, um surto dessa natureza teria um crescimento exponencial, atingiria um pico alto e diminuiria naturalmente quando todas as pessoas suscetíveis fossem infectadas ou desenvolvessem a doença.” Isso não aconteceu devido a vários motivos.
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Primeiro, “a epidemia foi cortada à medida que crescia.” Galea diz que os países podem ver os métodos que a China usou e adaptar às suas próprias circunstâncias.
Em segundo lugar, a crise mostrou a importância de ter sistemas nacionais de saúde pública fortes. Galea destacou a necessidade de preparação e o valor de fornecer a todos os cidadãos acesso a cuidados de saúde.
Em nível individual, o especialista pediu que as pessoas não entrem em pânico e sigam os procedimentos para reduzir o risco de propagação, como lavar as mãos, cobrir o nariz ao espirrar, tossir no cotovelo e trabalhar em casa sempre que possível.
Segundo o representante da OMS, “as pessoas já ouviram essas coisas muitas vezes, mas nunca é demais repeti-las.” Galea diz que “essas são as ferramentas” que o mundo tem nesse momento, e precisa usá-las.
Parceria – Téla Nón / Rádio ONU
Ralph
19 de Março de 2020 at 23:45
O problema é que a China é entre os poucos países que têm a vontade de tomar as decisões necessárias para travar a expansão do vírus. Os outros são Singapura, o Coreia do Sul, Taiwan e, talvez, Hong Kong. Eu, pessoalmente, tenho toda a admiração para com a coragem com que as autoridades chinesas abordaram a situação, tomando as medidas necessárias para chegar à situação atual em que não tem havido nenhumas infecções novas na província Hubei há agora alguns dias. Se outros países, incluindo os EUA, a Itália, o Irão, a Austrália e muitos outros, tivessem agido de forma semelhante à China, todos nós estaríamos a enfrentar uma situação muito melhor. Como resultado, todo o mundo terá de passar por uma recessão grande enquanto se aguarda o desenvolvimento de uma vacina, sendo isso muito difícil para todos.