Sociedade

Carestia de vida aumenta e o Governo tenta mexer nas taxas aduaneiras

A subida do preço dos produtos alimentares está a agravar a situação de vida das famílias em São Tomé e Príncipe.

Foi com esta preocupação que o secretário de Estado do Comércio, Eugénio da Graça, reuniu-se com as empresas que garantem o desalfandegamento das mercadorias importadas, e propôs a realização de um estudo, que permita a redução de algumas taxas aduaneiras.

Ao conseguir identificar algumas taxas que podem ser reduzidas, o governo pretende compensar parte dos custos suportados pelos operadores económicos no processo de importação das mercadorias e assim aliviar a pressão dos preços junto ao consumidor.

«As alfândegas não subiram as taxas de nenhum produto da sexta básica. Tudo deve-se a conjuntura internacional. Os preços estão a disparar no mercado internacional. E os nossos operadores económicos estão a vender em função do preço praticado no mercado internacional», declarou o secretário de Estado do comércio, Eugénio da Graça.

Num relatório divulgada no início de Fevereiro, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, anunciou um importante aumento a nível mundial, dos preços dos principais produtos alimentares.

Aumento exponencial do preço dos alimentos registado segundo a FAO a partir do mês de Janeiro de 2022.

A subia a nível mundial do Trigo, da Soja, do Milho, do óleo alimentar e de produtos da pecuária como leite e carne, já está a ter impactos desastrosos no seio da família são-tomense.

Numa das lojas muito frequentada pelo povo no bairro de Água Arroz, arredores da cidade de São Tomé, o Téla Nón conferiu os preços dos produtos de base.

Segundo Kwame Costa, o proprietário da loja, até o final do ano passado, um saco de fuba (farinha de milho) custava 360 dobras. Desde a entrada de 2022 que o preço da fuba saltou para 500 dobras o saco.

O comerciante disse ao Téla Nón que comprava óleo de soja por 350 dobras por cada caixa de 12 garrafas, e hoje custa 550 dobras a caixa.

A farinha de trigo disparou de 315 dobras o saco, para 460 dobras. É na loja de Água Arroz e de outros bairros dos arredores da cidade de São Tomé, onde o povo compra em retalho o pedaço de chouriço, ramas de esparguete, uma coxa de galinha congelada, e o caldo. A refeição do dia fica assim resolvida.

Já não está a ser fácil para o povo, garantiu o comerciante Kwame Costa. Tudo porque as coxas congeladas dispararam. Antes a loja de Água Arroz comprava 1 caixa de coxas por 450 dobras. Agora custa 630 dobras a caixa.

O leite meio gordo não passava de 2300 dobras o saco. O comerciante vendia em retalho a preço mais acessível para o povo. Para além de garantir o mata-bicho das crianças antes de irem para a escola, o leite meio gordo vendido no bairro populoso de Água Arroz criou oportunidades para muitas famílias produzirem iogurte caseiro, que é comercializado na porta de casa. Hoje cada saco do leite meio gordo custa 3000 dobras.

O comerciante de Água Arroz, disse ao Téla Nón que a subida dos preços, provocou uma baixa de renda na ordem de 50%. «A falência espreita a muitos comerciantes», pontuou, Kwame Costa.

Bairro de Água Arroz em São Tomé

Manteiga e açúcar são outros produtos que segundo o comerciante registaram enorme subida dos preços. «Povo está a sofrer e os comerciantes também sofrem», reforçou.

Carestia e falência total é o cenário que paira sobre o mercado financeiro e comercial do país. O secretário de Estado do Comércio Eugénio Graça, prometeu para dentro de 7 dias a conclusão dos estudos em curso, com vista a reduzir algumas taxas aduaneiras.

«Há direitos aduaneiros, que tem-se que respeitar. Diminuir ou abolir esta ou aquela taxa, para que os nossos operadores económicos não sofrem mais do que já estão…», referiu o secretário de Estado do comércio.

O governo deixou claro que a sua margem de manobra é mínima, no que concerne a redução das taxas aduaneiras. Se for feita sem cautela a situação de carestia pode piorar.

Secretário de Estado do Comercio – Eugénio Graça

«Diminuindo as receitas teremos outros problemas. O estudo vai ver onde nós podemos tocar. Quais as taxas que podemos desagravar. Mas não perder de vista a questão das receitas, porque tem-se que pagar muitas despesas mormente os salários, que são inadiáveis. Há a questão da junta de saúde para os doentes. Não é baixar por baixar, nem aumentar por aumentar», alertou o secretário de Estado do comércio.

Governo promove estudo no sector aduaneiro, para descobrir uma forma de mitigar os impactos da subida dos preços dos produtos alimentares no seio das famílias são-tomenses.

Abel Veiga

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