São Tomé e Príncipe quer dar um novo rumo ao Programa Família Vulnerável. O Governo solicitou esta semana ao Banco Mundial um reforço financeiro para incluir uma nova fase no projeto: ajudar famílias que deixarem de receber o apoio mensal a criarem o seu próprio negócio.
A iniciativa quer transformar subsídio em oportunidade. Para isso, foi lançada esta quarta-feira uma consulta pública com duração de três dias, envolvendo beneficiários do programa e representantes da sociedade civil. A consulta acontece na capital e será replicada na Região Autónoma do Príncipe na primeira semana de junho.
Ernestina Menezes, diretora da Proteção Social, explica que o novo apoio será destinado apenas às famílias que demonstrarem capacidade e vontade de desenvolver pequenos negócios. “Queremos dar uma base sólida para que essas famílias possam caminhar com os seus próprios pés”, disse.
O valor do novo subsídio ainda está em estudo, mas será único — ao contrário do apoio mensal atual. A ideia é que funcione como um impulso inicial para que estas famílias possam sair da vulnerabilidade com dignidade e sustentabilidade.
A proposta final deverá ser entregue ao Banco Mundial já em junho, marcando um novo ciclo na política de proteção social do arquipélago — menos assistencialista e mais voltada ao empoderamento económico.
Waley Quaresma

Lucas
23 de Maio de 2025 at 11:58
Mais vianteiros mais vinho da palma mais cacharamba.O vianteiro tambem é um empreendedor um empresario com sucesso garantido.Está à vista até os cegos vêem.Mais álcool mais bandalheira
Mangustão
25 de Maio de 2025 at 12:20
Porque não?
Não há em Portugal, na África do Sul, em França, Espanha, empresários de vinho?
Que muitas vezes fabricam e exportam de menor qualidade para África, bem cimo para São Tomé e Príncipe?
Porque não?
Não há por este mundo fora nomeadamente em Cabo Verde empresários de aguardente?
O que é necessário é criar melhpres condições, para este pequeno produvmctores possam evoluir, mediante formação, investigação e desenvolvimento, para criar melhores productos, productos de referência…
Valorizemos o que é nosso…
Necessitamos de melhor organização, rigor, seguranca, controlo na produção e venda, transformação, desenvolvimento de produtos,…
Precisamos de centros de incubação de empresas e empresários
Ama a tua terra, ama a tua gente, o teu território, a tua cultura, o teu povo.
A tua língua, o teu dialecto, a tua musica…
wilson veiga
28 de Maio de 2025 at 14:41
Esperem, esperem, esperem lá … há aqui um grande equívoco de base que precisa ser enfrentado com frontalidade: não se transforma vulnerabilidade em empreendedorismo com uma varinha mágica nem com um subsídio único. Empreender exige estabilidade mínima — mental, alimentar, habitacional e emocional. Se uma família ainda está a lutar para comer todos os dias, se não sabe se amanhã tem luz ou água, o que vai fazer com um “apoio único para criar um negócio”? Simples: vai usá-lo para comer, para pagar dívidas, para sobreviver. E com razão.
Antes de falar em “empoderamento económico”, resolvam a base da dignidade humana. Empreendedorismo não é solução mágica para a pobreza — é o passo seguinte, depois de garantida a sobrevivência, a segurança alimentar, a escolarização dos filhos, e um mínimo de estrutura social.
Aliás, quando o Estado empurra famílias ainda em situação crítica para “criar pequenos negócios”, o que está a fazer, no fundo, é desresponsabilizar-se. Em vez de assegurar direitos básicos com políticas públicas consistentes, transfere a culpa para o pobre:
“Não saíste da miséria? Mas demos-te um impulso! É culpa tua…”
Não.
Não é “menos assistencialismo” que precisamos — é assistência eficaz, bem desenhada, com trajectórias claras, com acompanhamento real, e depois sim, oportunidades de transição para a autonomia económica.
Caso contrário, isso é apenas política de vitrine para agradar o Banco Mundial com palavras como “sustentabilidade”, “resiliência” e “empreendedorismo”, enquanto as pessoas continuam a viver em condições indignas.
Dar dinheiro para empreender a quem tem fome é como oferecer uma bússola a quem está a afogar-se: não é falta de rumo — é falta de ar.
Primeiro come-se. Depois sonha-se.