Vanda Solange Bonfim
Mestre em Economia e Gestão Aplicadas, Especialização em Economia e Gestão para Negócios pela Universidade de Évora
SOBRE ….. PERFIL DE COMPETÊNCIAS DOS GESTORES DE ORGANIZAÇÕES DE SAÚDE EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
Com a orientação do Prof. Doutor Paulo Resende da Silva, foi desenvolvida uma investigação que tinha por finalidade estudar e propor o perfil de competências dos gestores do Hospital Ayres de Menezes.
As organizações de saúde estão sempre com uma enorme pressão. A pandemia que nos aflige a todos no último ano e meio veio criar uma pressão maior nas estruturas de saúde em todo o mundo, criando uma exigência adicional na gestão dos sistemas e nas organizações de saúde.
Quando esta realidade se une a problemas mais estruturantes do sistema e de gestão de saúde num dado espaço geográfico, como é o caso de São Tomé e Príncipe (como também foi em Portugal, mesmo com uma estrutura mais consolidada, e as tristemente imagens que assistimos nos hospitais do norte de Itália, de Nova Iorque, no Perú, no Brasil, entre muitos outros locais), criam-se problemas adicionais e requerer-se quadro de gestão e de organização altamente qualificados para uma melhor gestão das organizações de saúde.
No caso específico de São Tomé e Príncipe, como é do conhecimento geral, o problema da qualificação de gestores de saúde qualificados em número e nas valências necessárias é um problema estrutural e antigo, que cria algumas dificuldades no desenvolvimento de melhores respostas à população de serviços de saúde de elevada qualidade.
Será do conhecimento de todos as fragilidades do sistema de saúde, a necessidade de apoio externos para uma melhor resposta do sistema e até o apoio financeiro para a aquisição de equipamentos e tecnologias de saúde e de informação de suporte à gestão, extraordinariamente caras.
Sendo esta a realidade, sem a pretensão de encontrar respostas totais, procurou-se desenvolver uma investigação que procura-se encontrar um perfil de competências que os gestores da unidade hospital Ayres de Menezes, o Hospital Central de São Tomé, devem possuir para um melhor exercício das suas funções e para uma maior capacitação da gestão para a obtenção de melhores desempenhos organizacionais, com consequências directas numa melhor prestação de cuidados de saúde e um melhor reconhecimento por parte da população.
Em conformidade, procedeu-se no último ano e meio a um trabalho de consulta e de levantamento, junto dos principais actores sociais do Hospital Ayres de Menezes, de quais se consideram as maiores fragilidades em termos de gestão do hospital e de quais deveriam ser os perfis de competências dos gestores hospitalares, em diferente nível da estrutura de gestão, tanto no denominado top management, como nas estruturas intermédias, como também nas estruturas de gestão operacionais, aquelas com maior contacto com os utentes e os beneficiários dos cuidados de prestação de serviços hospitalares.
O trabalho obedeceu um conjunto de procedimentos científicos, suportado em modelos de mapeamento de competências aplicados em todo o mundo, não somente nos países, ditos, mais desenvolvidos, mas também em países em desenvolvimento, suportados em entrevistas e em análise documental.
O Hospital Ayres de Menezes padece de dificuldades estruturantes, que derivam da fragilidade económica são-tomense, conhecida de todos os actores sociais e políticos, bem como dos profissionais de saúde e da população em geral. Estas dificuldades estruturantes podem ser facilmente visualizadas pela inexistência, apesar de todos os esforços da estrutura de Administração, em elaborar um Plano Estratégico (no qual a Universidade de Évora mostrará a sua disponibilidade, certamente, para ajudar nesta tarefa estruturante) que oriente num prazo de médio-longo prazo um caminho de criação dos meios e das configurações estruturais (humanas, organizacionais, tecnológicas e operacionais) necessárias para a realidade são-tomense, por um lado, e pela inexistência (muito comum também em Portugal) de um mapeamento funcional e de competências da organização e dos seus profissionais, onde se incluem os gestores.
No que se refere às competências para a gestão das unidades de saúde e, em particular, do Hospital Ayres de Menezes, quase todos os entrevistados identificaram as mesmas fragilidades e problemas, bem como as principais lacunas em termos e qualificação de gestão, traduzidas em competências de gestão mais ou menos aprofundadas. De salientar, apesar desta realidade, o espírito de missão e o esforço da maioria dos profissionais em se focarem na missão primordial do hospital e na procura de garantir os recursos e os meios necessários para a prestação de cuidados de saúde.
Com base no trabalho realizado, identificaram-se perfis de competência para a gestão de topo do hospital, o Conselho de Administração, o Administrador, mas também para os gestores de primeira linha, os Directores de unidades funcionais, bem como para gestores mais operacionais.
Do perfil de competências identificados, destacam-se as seguintes como as mais importantes, na nossa opinião:
Ao nível dos Conhecimentos – conhecimentos gerais na área da saúde; conhecimentos em gestão de materiais, processos, sotck, recursos humanos, contabilidade, gestão da informação e de sistemas de informação, estatística hospitalar, financeira; e de gestão hospital;
Ao nível das Habilidades – capacidade de diálogo; capacidade de planificação, organização e coordenação dos trabalhos; capacidade de gestão dos recursos financeiros; capacidade de trabalhar em equipa; inovação; capacidade de recolha de informações; e pensamento estratégico;
Ao nível das Atitudes – honestidade; espírito de líder; humildade; zelo; espírito de equipa; disciplina; responsabilidade; e disponibilidade.
O que se pretendeu com este trabalho foi identificar que competências (conhecimentos, habilidades e atitudes) os gestores do hospital Ayres de Menezes devem possuir, visando aprimorar as mesmas, para melhorar a gestão da única estrutura hospitalar do país com capacidades para atendimentos mais diferenciados.
Sendo São Tomé e Príncipe, um país com inúmeras fragilidades ao nível da saúde, ter gestores com estas competências desenvolvidas é uma mais-valia para a melhoria da gestão da saúde local e também da qualidade de saúde da população. Para que estas competências sejam desenvolvidas pelos gestores do hospital Ayres de Menezes, é fundamental que eles tenham conhecimentos em gestão hospitalar ou gestão em saúde. Foi pensando nisso que a Universidade de Évora pretende em colaboração com as entidades locais ,implementar formações em gestão de saúde para que os gestores do hospital Ayres de Menezes possam aprimorar todas estas competências e assim cumprirem com êxito a missão a qual foram chamados, que é gestão do Ayres de Menezes.
Sem+assunto
20 de Setembro de 2021 at 14:58
A bendita Universidade de Évora ainda continua a enganar as pessoas com estes mestrados? Francamente!
Óbvio, a tomar se em conta de que a IUCAI está operante e hoje posiciona se como um dos centros académicos que mais quadros superiores “despejam” para o mercado, nada mais deve estranhar ninguém!
Pra quando a fiscalização séria destes diplomas e certificados, ministério da educação?
Convém não fazerem se de despercebidos!
Fuba cu bixo
20 de Setembro de 2021 at 22:19
Tudo que os profissionais em toda ária aprenderam na Universidade ficou na Universidade,aqui em S.tomé profissionalmente o lema é sambacar delapidar.