Opinião

Mudança social

A mudança social dá-se quando se alteram as estruturas básicas que compõem um grupo social ou uma sociedade. Desde logo, pretendo estabelecer uma distinção entre evolução social e mudança social. Porque a evolução social é o conjunto das transformações sofridas por uma sociedade durante um período longo e diz respeito a tendências seculares ou gerais na marcha da História enquanto a mudança social consiste em transformações observáveis e verificáveis em períodos de tempo mais curtos. […] Além disso, a mudança social está mais localizada geográfica e sociologicamente: duma maneira geral é possível observá-la numa área geográfica ou num quadro sociocultural mais limitado que a evolução social.” (Guy Rocher, 2012).

Por outro lado, são as pessoas, os grupos, as associações que introduzem a mudança, a apoiam, a favorecem ou se lhe opõem, constituindo-se, deste modo, os agentes da mudança. Podemos apontar os seguintes: os líderes e as elites, os movimentos sociais, os grupos de pressão e os grupos de referência, os meios de comunicação social.

Tudo começou com uma alegada fuga de um cidadão intercetado pela patrulha dos Militares, enquanto extraia areia numa das praias da capital, Segundo os populares os militares dispararam contra o motorista que em fuga que foi atingido, despistou e caiu junto ao Super Mercado CKD.

Daí, insurgiu a revolta popular, uma manifestação que se transformou numa marcha pela cidade capital com o corpo do cadáver numa maca dos bombeiros, passando pelo, gabinete do primeiro-ministro, Palácio Presidencial, a marinha, sede do ADI rumo a TVS. Ao longo da marcha, contentores de lixo eram arremessados para meio da estrada, a revolta era intensa. A polícia e elementos da Unidade de Defesa dispararam vários tiros de AK com o objectivo de dispersas a manifestação e recuperar o cadáver, no Liceu os alunos entraram em pânico correria total dentro da escola, dezenas de estudantes deram entrada nas Urgências do Hospital Centra Dr. Aires de Menezes, tudo isso, no nosso “Pacífico” País.

Alguns slogans mais entoados:

– O Patrice Trovoada é o culpado de tudo isso,

– Este Governo está a dar muitas asas aos militares, porque os militares também roubam areia.

– O Patrice não tem culpa coisa nenhuma

– Tem sim, ele colocou um Ministro da defesa que não tem pulso.

– Patrice está fora do País, ele não sabe o que está a passar.

– Nós queremos saber o que o Primeiro-ministro diz sobre isso tudo,

– Ele não está no País.

– Vamos quebrar todos carros de Estado.

– Este partido já não ganha mais nada. Abaixo o ADI.

– O homem que assassinou a mulher e as filhas na trindade, não mataram, o homem que rouba um saco de areia é assassinado pelos militares

– O povo votou no Patrice Trovoada não é para fazer estes tipos de coisas, manda matar as pessoas assim.

Estes acontecimentos, merecem da minha parte, alguns questionamentos:

Por que razão, os militares dispararam contra um civil pelas costas?

Por que razão o Comando Geral das Forcas Armadas não assume as suas responsabilidades, apresentando o infrator ao Ministério Publico ou tribunal Militar para que ele fosse julgado e cumprido a pena de acordo com o que está previsto na Lei para estes tipos casos?

Por que razão, uma parte dos manifestantes associavam este episodio ao Patrice Trovoada?

Por que razão, a população manifestou tão elevado sentimento de revolta?

Os disparos junto ao liceu, será que justificaram?

Eu não poderia escrever este artigo sem apresentar o meu grande apreço ao ANDIM Media, esta televisão online fez um grande trabalho de utilidade pública, mostrando tudo com os maiores detalhes. É uma pena, a grande parte da população são-tomense ainda não ter acesso a internet para disfrutar daquelas imagens que o ADIM Media publicou e retirar de lá, as suas ilações.

Como alguém já disse no passado recente, não se engana mais este povo.

Neste artigo, não pretendo fazer um juízo de valores, apenas apresentar factos e questionamentos.

Olívio Diogo

11 Comments

11 Comments

  1. Txe

    12 de Junho de 2015 at 10:47

    Exclarecimentos.
    Relativamente ao conceito “mudança social”, a melhor interpretação é a marxista: a mudança é real quando um sistema de produção e de relação de forças substitui a outro.
    No caso saotomense, esta mudança advenho com a Segunda República. a partir de esse momento mudou o sistema de produção do país, sobre todo as estruturas, e mudaram os valores e até a cultura em geral sofreu uma evolução dominada pelo negócio, o individualismo e a “ditadura” do dinheito.
    Com o tempo, na luta e no oportunismo político eleitoral falou-se muito em mudanças, mas são apenas alternância no poder. Na realidade, passou-se a uma simples luta pelo poder atraves de eleições democráticas, nada de luta pela mudança social e política. Nas últimas eleições ganhas pelo ADI tratou-se, uma vez mais, de lutar pelo poder e a gestão do poder. Neste contesto podem se dar apenas reformas e melhor gestão democrática da coisa pública. As melhoras e reformas sociais para a população seriam possíveis si a classe produtora tivesse capacidade de produzir e acumular, assim como dde reivindicar, o que não acontece.
    O que aconteceu na Segunda República, nessa alternância, é que os valores sociais e culturais foram deteriorando-se e as parcelas de poder se distribuíram em pequenos “Reinos de Taifas” (clientelismos) onde muitas vezes se confundiu responsabilidade social com poder individual para interpretar e decidir, uma especie de “caos2 nas estruturas democráticas de poder, facilitado pela falta de controle e responsabulização.
    Os “acidentes” dramaticos como os de Trindade e da areia são, em alguma medida, consequências (e não só9 de esse “caos2 que se vai instalando na sociedade saotomense na luta do poder pelo poder (económico, político…) sem transparência nem responsabilização.

    • Titus Andronicus

      17 de Junho de 2015 at 9:19

      Eu vi a manifestação a passar e a fúria das pessoas. Nenhuma delas dizia ‘Patrice não está fora do país, ele não sabe o que se está a passar’ ou ‘Patrice não tem culpa’. Pelo contrário. Culparam Patrice Trovoada de tudo o que ele fez, de tudo o que ele não fez, de tudo o que ele ainda não pensou em fazer, de tudo o que fizeram nesse país quando ele ainda não tinha nascido. FOI UMA MANIFESTAÇÃO CONTRA PATRICE TROVOADA. E sabe uma das coisas de que as pessoas mais falavam, Olívio Diogo? ARRROZ! O arroz que o famoso povo pequeno não consegue comprar a treze contos. Seja honesto, Olívio Diogo, se ainda se lembra do significado dessa palavra.

  2. 10 toneladas carne/dia

    12 de Junho de 2015 at 10:54

    Primo Olívio,
    Virou já.
    Bem melhor assim,porque as coisas vão complicar ainda muito neste país.
    Primo fez muito bem.

  3. Gualter

    12 de Junho de 2015 at 14:27

    Evolução ou mudança conforme a visão de comportamento, esta ligado a diversos factores, como: económicos, sociais, culturais e tecnológicos, mas com diferentes níveis de mudança, de grandeza ou mesmo de extensão. Mas temos que ter atenção que há uma necessidade de incorporar nos aspecto sociocultural processos culturais da “inculturação”, “aculturação”, e socialização. Com o crescimento da comunicação social, também faz parte deste processo social, com concepção da vida, da organização social com mudanças positivas e negativas. Os tempos livres dos indivíduos ou ocupação também esta incluído. A mudança num determinado aspecto podem ser políticas, religiosas….com influência na sociedade e em particular nas pessoas, ou a um determinado grupo como família. As famílias não podem ser esquecidas. Pois este grupo não pode ser somente aqueles indivíduos com uma residência comum, com a função de reprodução. Deve ser um grupo humano organizado e como unidade base da sociedade com várias propostas objectivas, assim como a dinâmica da própria família poder dar instrumentos que são pertinentes para remover obstáculos, dificuldades institucionais que muitas vezes se opõem ao progresso, ao desenvolvimento. Mas o que se tem visto em STP são transformações no conceito de família( indivíduos) com mudanças na sua estrutura, nas relações dentro e fora do grupo familiar com fortes alterações às mudanças sociais. Penso que é neste âmbito que devemos fazer a nossa analise. O que se tem feito para manter os bons hábitos e costume desse povo.? O que tem feito a comunicação social? O que tem feito os professores? Quais são as ocupações dos tempos livres?

  4. paulo pedro

    12 de Junho de 2015 at 19:13

    publiquei um comentario construtivo e foi o primeiro..e voçes de telanon nao divulgaram,a menos agradeciam

  5. Maiker

    12 de Junho de 2015 at 22:20

    Este senhor é muito feio.Muito feio.

  6. miques joao

    13 de Junho de 2015 at 18:37

    muito bem Olívio Diogo, chegou o momento dos quadros e intelectuais contribuírem com os seus conhecimentos para reviravolta e mudança do status quo neste país.
    Há momentos em que é necessário lutar contra as coisas que se tornaram tão erradas que deveriam deixar de existir. Coisas que antes eram pequenas e que se tornaram grandes, mas que não deixaram de ser erradas, devem voltar a ser pequenas de novo; basta impunidade generalizada

  7. Mario

    14 de Junho de 2015 at 21:29

    Bom articulo.

  8. Jose horta

    15 de Junho de 2015 at 10:00

    SHIÊH,
    TVS não vai ver o q está passando no Ministério Público sobre caso da morte por causadecareia?

  9. Oscar Maduro

    16 de Junho de 2015 at 16:38

    Oh Olivio. Cresça e apareça. Tu és muito pequeno. És mesquinho e por isso mesmo pensas pequenos contando com sobras. Ou tu achas que o Patrice te vai dar sobras. Ele ja disse que nao ha espaço para oportunistas. Se quiseres pergunta ao ex-director dos Transportes Olinto Neves. Ele ficou parado no meio do tempo a ver navios de piratas do seculo XX enquanto ja cruzamos o seculo XXI.
    Olivio, nao +é assim que se vai mudar de remo à vela, nem de vela a motor. Se es sociologo, enato vai sociolijar e nao bajular….
    Perante o que escreveste esta claro que o Filinto Costa Alegre ja franziu a testa a questionar o tipo de homem que com ele andou nas presidenciais de 2011.

  10. Juka Vaiana

    17 de Junho de 2015 at 12:14

    Quem te viu, Olívio Diogo e quem te vê…Mete dó.

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