Opinião

Redacção … Hoje, apetece-me fazer uma Redacção.

Mas, o que é uma redacção?

A palavra Redacção é descrita pelo dicionário (Dicionário da Língua Portuguesa, 6.ª edição, da Porto Editora) como sendo um “acto ou efeito de redigir”.

O motivo que me leva a falar sobre a referida palavra prende-se com uma frase que considero lapidar pronunciada pelo presidente da República de Angola, no Domingo, dia 21 de Junho de 2020, na antena da RTP-África, e transmitida no programa «África Sete Dias».A frase em questão é a seguinte: “nós estamos a formar Licenciados que não sabem fazer uma redacção”.

Causou-me arrepios ouvir o mais alto magistrado de uma nação irmã, cujo cordão umbilical nos liga, à uma língua comum; à história; à cultura; aos laços de solidariedade, entre outros, ter o discernimento moral, ético e pedagógico, aliado ainda, à coragem política para fazer esse complexo pronunciamento.

Os arrepios advêm do facto de haver uma semelhança, tirada a papel químico, relativamente à formação de Licenciados saídos das Universidades do nosso arquipélago.

Uma parte significativa de Licenciados em São Tomé e Príncipe também sente imensas dificuldades em fazer uma redacção. Não se sabe, na realidade, qual a “perturbação” que os outros Licenciados de áreas das chamadas ciências puras têm com a «velha» tabuada.

Devem sair, em termos percentuais e comparativos, mais Licenciados na cidade de Luanda do que em todas as instituições universitárias de São Tomé e Príncipe. Sobressaem, desde logo: o número de universidades que existem em Angola;a percentagem de população escolar; a antiguidade das instituições universitárias – Angola viu nascer a primeira universidade na década de 1960.

Deixemos a República de Angola, foquemos na nossa realidade.

Os espectros da sociedade São-Tomense

Os espectros da nossa sociedade centram-se no sistema de ensino, na (in)cultura e no sistema de saúde. Ao completar-se quarenta e cinco anos de independência (1975-2020), sinto-me desconsolado perante factos palpáveis que teimam em persistir no nosso dia-a-dia na nossa querida Téla (significa terra em língua portuguesa) de Santómé.

As instituições de ensino, de cultura e de saúde em São Tomé e Príncipe aparentam viver numa penumbra exageradamente conturbada. Centremo-nos no sistema de ensino.

Sistema de ensino

O sistema de ensino aparenta navegar em águas turvas, ou seja, não consegue ter um porto seguro a partir dos gabinetes que tutelam a escola. Este parece ser um problema de que enferma a Governação, desde à independência até aos nossos dias.

Trata-se, eventualmente, da falta de uma política de educação consequente, que comprometa a todos os Partidos Políticos com pretensão a alcançar lugares cimeiros do poder.

Dada a efémera passagem que, em São Tomé e Príncipe, os vários governos têm devido a forja da instabilidade política que grassa no país tal como nas sociedades africanas em geral, vive-se de improvisação há décadas. Basta dizer que entre 1988 e 2008, o país teve dezasseis (16) primeiros-ministros e chefes de governo.

Os professores, considerados pilares da escola, estão mal preparados, pois não se vislumbra uma política efectiva de formação adequada para os docentes de todos os níveis de ensino. Conteúdos relativos à psicologia do desenvolvimento moral e social, de carácter sociológico e ético-filosófico, devem fazer parte do Plano de Estudos da formação dos professores.

As salas de aulas continuam manifestamente a ser insuficientes, desde o jardim-de-infância até ao ensino secundário. O número excessivo de alunos por turma– cuja quantidade não evocamos por pudor– não permite ao professor ensinar, nem tão pouco o aluno aprender, comprometendo, assim a proximidade necessária ao processo ensino-aprendizagem.

Grande parte de escolas do 1.º e do 2.º ciclos carecem de casas de banho funcionais, as salas de aula não têm janelas, a iluminação é deficiente e o espaço de recreio é exíguo.

O ensino superior parece funcionar com os tiques que atravessam e proliferam em todos os prolongamentos da sociedade São-Tomense.

Partindo de uma visão sociológica segundo a qual, a escola é uma mini-sociedade, ou seja, ela tende a reproduzir fielmente tudo o que se passa na sociedade. As universidades, como estabelecimentos de ensino padecem também de todos os ruídos verificados na sociedade.

A Política entrou sorrateiramente nas escolas de São Tomé e Príncipe, fazendo valer os seus musculados argumentos, tal como o faz na sociedade, no seu todo.Ela não permite aos indivíduos desenvolverem as suas reais capacidades em prol da investigação científica;baralha a formação académica dos estudantes; bloqueia os sonhos das famílias e tolhe o passo aos anseios da comunidade.

Sugiro que se faça uma profunda reforma no Plano de Estudos dos cursos de Licenciatura, introduzindo cadeiras obrigatórias e transversais como: Educação para a Cidadania; Introdução à Ciência Política; História Contemporânea de São Tomé e Príncipe, todas com periodicidade semestral. A Língua Portuguesa terá uma periodicidade anual, sendo extensivo do 1.º ao 4.º Ano de todos os cursos, sem excepção.

Outra sugestão prende-se com a construção de um lar de estudantes para alunos oriundos da Ilha do Príncipe e dos sítios mais recônditos da Ilha de São Tomé. Entendo também que torna-se necessário investir na parte cultural e desportiva, através da criação de Associações de Estudantes. 

A (in)Cultura

Nós continuamos a ignorar que é apanágio de qualquer sociedade ter, no mínimo, uma livraria, um cinema, um teatro, uma biblioteca (digna desse nome), uma escola de música, uma galeria de exposições para as artes plásticas e … um estádio de futebol.

O património imóvel também não parece fazer parte das nossas preocupações imediatas. Espero, muito sinceramente, que os nossos governantes não dêem destinos pouco consentâneos ao seu valor histórico, ao edifício do Mercado «velho» e ao edifício do antigo Banco Central. A fortaleza de São Sebastião, sita na praia PM e que alberga o «Museu» (?),clama pelo restauro, pois o tecto está maltratado e em sérios riscos de desabar. Os acervos mais emblemáticos do património cultural do arquipélago,o«Tchiloli» e o «Auto da Floripes», têm estado a submergir.

As línguas nacionais devem ter mais investimento e empenho de todos nós para a sua implementação e preservação. A ideia que muitos jovens e adultos têm nos seus discursos sobre a dificuldade de aprendizagem das línguas nacionais cai por terra. Senão vejamos: assisti há dias, transmitido pela antena da TVS (Televisão São-Tomense), do dia 1 de Julho de 2020,a um vídeo-clip musical, desempenho de um jovem libanês, cujos pais emigraram para o nosso arquipélago,a cantar em língua fôrro um género musical que é a Stléva, tendo como coreografia cenas de Bligá. Tanto a Stléva como o Bligá são acervos culturais que aparentam estar em vias de extinção.Sem comentários!!

Sistema de Saúde 

O nosso sistema de saúde precisa de ser profundamente reformulado.

Temos que começar pela formação dos profissionais de saúde, que precisam de fazer especialidades médicas (médicos), reciclagens permanentes (enfermeiros, analistas e demais pessoal técnico), mais formação (pessoal administrativo), melhor formação (todos os outros funcionários e pessoal de apoio).

As instalações hospitalares, os respectivos equipamentos e o recheio médico-medicamentoso devem ser geridos por indivíduos a quem se possa pedir responsabilidades da boa, ou menos boa,gestão do bem público.Entendo também que se torna necessário construir-se uma Maternidade e um Hospital Pediátrico em São Tomé e Príncipe.

A metodologia para a eleição/nomeação da direcção do Hospital e dos Centros de Saúde,bem como do resto da Administração pública, deve ser despartidarizada, seguindo-se o princípio da meritocracia. Para se chegar a lugares de direcção torna-se necessário fazer-se carreira até se chegar ao topo, respeitando procedimentos com a participação em concurso público.

A valorização da Angústia

A minha angústia neste momento é indubitavelmente, a angústia do mundo inteiro e ela chama-se Covid-19. Essa angústia parece resultar da agressão climatérica, dos conflitos, das tensões sociais e dos profundos desencontros com que se vive a nível global.

A nível caseiro, ou seja, em São Tomé e Príncipe, nestes quarenta e cinco anos de independência,teimamos, salvo raras excepções, em valorizar a angústia do nosso quotidiano em detrimento do bem-estar geral.

A psicologia e a psicanálise da intimidade teima em conduzir-nos à pobreza no sentido lato do termo; a assistir à continuada violação sexual de menores;a excluir idosos e pessoas portadoras de deficiência;à exagerada violência doméstica; a contemporizar os efeitos saudáveis da cidadania e a desvalorizar a solidariedade. Erguemos,pelo contrário, sentimentos nefastos como o individualismo, o salve-se quem puder, a subserviência e outros comportamentos menos dignos que teimam em persistir na nossa insular sociedade.

Temos, de facto, de ensinar aos nossos Licenciados a fazer uma redacção, através de exercícios caseiros nas nossas Universidades,tal como nos sugere o presidente da República de Angola.

Em termos de conclusão, entendo que pode haver leituras de agressividade do presente texto,mas ele é à medida do meu DESCONSOLO.

Lúcio NETO AMADO

7 Comments

7 Comments

  1. SANTOMÉ CU PLIXIMPE

    14 de Julho de 2020 at 14:27

    Alemanha desenvolveu com o saber e não com o diploma….

    • Antonio Nilson

      16 de Julho de 2020 at 16:23

      Concordo. Sobretudo, depois da Primeira Guerra Mundial quando os países ocidentais repartiram o continente Africano entre eles (Inglaterra, França, Portugal, Espanha, Netherlands/Great Britain na África do Sul, e quase que dominaram a área geográfica do Sul de África), estes países puseram Alemanha de fora, queriam uma Alemanha de influência Ocidental democrática e capitalista, sem a separação com Alemanha do Leste mais socialista ou comunista, conforme quiser interpretar. Noutras palavras, não queriam duas Alemanhas, e outras razões. Chegou o Hitler mais tarde para vingar, e Segunda Guerra Mundial resumiu-se. O Hitler foi um supremacista, ele não só queria dominar o mundo, mais queria dominar mesmo os pulas que não pertenciam a certa categoria; olhos azuis, loiros, raça Ariana. O Hitler tratou os Judeus muito mal, Mas, Deus é tem a última palavra. Não é correto tratar mal as pessoas mesmo se descordamos com elas.

      Os Estados Unidos de América não estava dentro da maka, mas foi os Estados Unidos que acabou com as trafulhas do Hitler que estava quase a tomar posse territorial na Europa, incluindo a França e a Inglaterra enquanto os Estados Unidos faziam negócios com as duas fações em conflito.

      As Histórias ou o passado do mundo não são completamente exatas, cada fação da seu ponto de vista, muitas vezes incorretas, ou favorecendo a parte mais dominante, mesmo o que li sobre a primeira e a segunda guerra mundial, se calhar, não deve ser uma fonte muito credível. Não presenciei a guerra porque nasci muito depois do final do ano 1945, Bomba atômica no Hiroshima e o Nagasaki fez terminar a guerra? Não deve ser simplesmente assim, existiram outros fatores que levaram a parte vencida dar “bandeira branca.”

      Realmente, Alemanha desenvolveu-se com o saber. A saber que alguns de nós Africanos também tínhamos. O Egipto foi a primeira superpotência no mundo. Muitas tecnologias e conhecimentos científicos começaram d’Africa, e aperfeiçoados noutros continentes. A Europa nunca teve nenhum interesse em deixar os Africanos em paz porque queriam e continuam a querer a posse da nossa terra, nosso continente e nossa riqueza natural, e mais nada. O meio ambiente e o sistema ecológico de África são de dar inveja. Os Europeus não irão dar uma pausa err m relação a buscar formas de manter as mais n’Africa. Porquê que nos valorizamos a redação da língua Portuguesa e não valorizamos o que é nosso, que sempre foi “a redação oral”, muitos dos nossos antepassados Africanos não sabiam escrever, mas tinha uma inteligência fora de sério, conhecimentos de sabedoria de alta qualidade que só poderiam falar, e explicar verbalmente, com pouco conhecimento sobre a Portuguesa.

      A comunicação e o entendimento e crucial para se entender a mensagem entre as pessoas. Angola tem quantas línguas? STP tem quantas línguas? Existem poucos países no mundo onde só existe uma língua oficial, Estados Unidos é um exemplo, mas existem calões diversos entre diferente grupos ou culturas.

      Eu não fico ofendido com o que o Lucio Neto Amado fez referência relativamente às palavras do presidente de Angola, que diz,
      “nós estamos a formar Licenciados que não sabem fazer uma redacção”. Nos não devemos encarar os comentários dos políticos como algo extraordinário. É sim, importante manter em vigilância naquilo que eles fazem, as leis que põem em vigor, e dar balanço ao trabalho ou o resultado depois do mandato, se eles optarem na reeleição. O comentário sobre fazer ou não saber fazer uma redação é muito secundário.

      Aprendesse a escrever bem. Existem pessoas formadas com doutamente na linguística, licenciatura em Portugues, peritos sobre o Camões, escrevem absolutamente com literatura de alta qualidade. Hoje em dia, existem línguas dominantes de negócios a nível internacional e de cooperação e relações internacionais. O Português não aparece na lista de topo cinco.

      É bom entender o conteúdo e o contexto e o grau psicológico na altura quando ele fez o comentário. Como não tenho detalhes, gostaria de ficar por aí. Todavia, não é justo avaliar um médico Africano que estudou na China, mesmo t err m Angola ou São Tomé, e comparar a escrita ou redação dele ou dela com um advogado ou médica ou engenheiro que estou em Portugal, mesmo se eles todos saíram de STP ou Angola com décima primeira ou décima segunda classe de instrução.

      O sistema de educação está a nível muito baixo em todos os países do mundo, não só em STP. Por exemplo, vê que são os líderes mais poderosos do mundo e compare o nível intelectual que têm demonstrado e a situação que hoje vivemos. Diz- me que o Donald Trump escreve melhor do que o antigo presidente dia Estados Unidos, assassinato, John Kennedy? Vê o Boris Johnson da Inglaterra, será que a redação ele é melhor do que o Churchill ou Margaret Tatcher, etc. Veja o bobo do Brasil, líder sem convicção própria, irresponsável.

      O mundo, r de m termos de liderança, está fubá com bico. Ninguém quer assumir responsabilidade, mas quer acusar o outro.

      Queriam fazer de China o que fizeram com África e outras partes do mundo, não ocidental. A China devolveu o soco na cara mas a resposta dos Chineses acabou por lixar o mundo inteiro, com esse vírus (COVID-19), tão perigoso. Culpar a quem? Aguenta. China não é África. Não concordo com algumas coisas naquele país mas francamente depois de descobrir a armadilha que plantaram contra a China e o ciúme ou inveja que os Ocidentais têm perante o sucesso da China, tentaram destruir porque os Chineses não são pulas.

      Se calhar o presidente de Angola está a mexer com água do rio para não se ver o está no fundo da água para deixar ficar nebulosa. Trr e mis de olhar as coisas de forma abrangente e não concentrar em coisas específicas e transparentes. Existem muitos Angolanos e muitos Santomenses que escrevem muito bem e sabem fazer redação de qualidade profissional. Eu não sou um deles. Sou uma pessoa mais prática, gosto de trabalhar com as minhas mãos e servir as pessoas mais desfavorecidas, Eventualmente, quando tiver tempo e pessoas profissionais, poderei tentar escrever um livro de bom valor e s erros.

      Se for o João Lourenço que fez este comentário que lhe arrepiou, fique tranquilo. Este indivíduo é um grande estratégico, homem que sobreviveu à guerra terrível em Angola, como um general das forças armas, Sr não estou no erro, o presidente João Lourenço não é perfeito mas é uma pessoa de muito valor não só para Angola e o povo Angolano, mas também para São Tomé e Príncipe em particular, e África em geral. Eu tenho confiança muito mais no João Lourenço do que Patrice Emery Trovoada. Vou sair

      P.S. Hoje em dia, muitos líderes e chefes de estado, não escrevem os discursos deles ou delas, existem uma equipa ou alguém professional que escreve os textos e lhes dá para ler. É preciso saber ou descobrir qual foi a intenção João Lourenço, depois poderemos fazer uma análise mais profunda. Nenhum homem e nenhuma mulher é sem defeitos. Tolerância, entendimento, e apreciação do bom que as pessoas fazer tem mais valor para mim, mesmo com os erros que comentem sobretudo, os erros que não prejudicam o desenvolvimento do nosso povo. Se calhar não é assim tão má ideia de se fazer mais esforço para escrever uma redação coerente, lógica, e que faz sentido. Para mim, o peixe pequeno deixa passar, o alvo é peixe grande, figurativamente, o peixe grande é certamente o desenvolvimento do nosso povo, nossa terra, e o nosso continente.

  2. Sotavento

    15 de Julho de 2020 at 5:34

    Uma excelente redacção.

  3. Ilunilson Fernandes

    15 de Julho de 2020 at 9:14

    Angústias de muitos invisíveis vocalizadas nas suas sábias palavras professor. O mais angustiante ainda, é não vislumbrar acções práticas tanto politicamente como social e colectiva que apontam à alteração do permanente contexto social.

  4. Zé de Neves

    16 de Julho de 2020 at 8:19

    Um dos artigos do Tela Non mais interessantes dos últimos tempos, muito obrigado pela partilha.

    Acrescento que o conhecimento é a única forma da população, do nosso e de qualquer outro país, discernir, questionar, valorizar ou desvalorizar informação travestida de boas intenções que é difundida propositadamente e, na maior parte das vezes, com objectivos negativos. Informação sem conhecimento é tão perigosa como um vírus.

    Dá jeito que o nosso povo se deixe gerir por emoções e instintos e não por racionalidade e bom senso. Manter uma população dependente e funcionalmente analfabeta ainda é a garantia de manutenção de pequenos poderes que medram a iniciativa individual e garantem o acesso, controlo e distribuição de privilégios e posições de poder que bloqueiam a nossa sociedade notória, essencialmente e sobretudo, pelas Estruturas do Estado e que extravasam para toda a sociedade.

    Especificidade Africana, dirão alguns. Mentira!

  5. Rogerio PACHECO

    16 de Julho de 2020 at 13:25

    Gosto de pessoas frontais como João Lourenço.
    O nosso grande problema são doutores que não andaram na escola.

  6. António Augusto Bondoso

    16 de Julho de 2020 at 13:43

    Excelente Lúcio Amado. Continuas com uma visão muito lúcida da e sobre a realidade de S. Tomé e Príncipe. Um abraço do camarada e amigo de longa data António Bondoso.

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