Opinião

Onde está a nossa vergonha?

Antigamente, sentíamos vergonha, tanto para nós próprios com também em relação a nossa família, havia um orgulho, honra em salvaguardar o nosso bom nome e imagem, e isso influenciava nosso comportamento. Essa vergonha simplesmente desapareceu.

As pessoas (dirigentes políticos principalmente) fazem coisas reprováveis e essas atitudes são até mais comuns hoje em, dia. Na verdade, essas atitudes deploráveis já não despertam no coração vergonha ou remorso, pelo contrário, sentem-se orgulhos pela má qualidade de vida que têm proporcionado à sua população.

Antigamente, sentíamos vergonha, e isso influenciava nosso comportamento. Quando faltássemos respeito aos mais velhos, professores, vizinhos, sentíamos vergonha. Ao refletirmos sobre uma palavra ou feito algo de errado, sentíamos a vergonha se apoderar de nós. Ao ouvirmos uma repreensão por usarmos uma roupa indiscreta ou imprópria, sentíamos vergonha. Trair a fé, a família ou princípios já foi considerado ato vergonhoso a ser evitado a todo o custo.

Sentíamos vergonha quando percebíamos incapazes de alcançar padrões elevados de ética e comportamentos. O motivo para isso é que já não tentamos alcançar padrões elevados de comportamento. A corrupção ganhou proporção alarmante na sociedade e faz crêr que estamos numa olimpíada.

A classe dirigente é a que mais tem-nos proporcionado esse espetáculo, quando um primeiro-ministro depois de uma visita ao hospital diz que não há oxigénio e o diretor do hospital diz precisamente o contrário, que não há falta do mesmo, alguém esta a faltar a verdade. Deveriam ter vergonha, deveriam ser responsabilizados. Se quisermos tomar exemplo da Europa já devia ser demitido ou este autodemitir. Governar um país é algo de muita responsabilidade e não está ao alcance de qualquer um.

Quando vermos um assunto tão delicado quanto esse que diz respeito a ilha irmã do Príncipe ser tratado com arrogância e leveza, devíamos ter vergonha. O ministro fez entender que já conhecia o problema e que é antigo; de facto todos conhecemos o problema, penso que esta questão ultrapassa a alçada de qualquer governo, quer regional quer o central. É um assunto que diz respeito ao país inclusive ao Presidente da República.

Destarte, este é um assunto deve ser discutido amplamente com todas as partes interessadas no sentido de encontrar o mais rapidamente a melhor solução, e a que o ministro propôs quanto ao fundo do petróleo pode ser uma delas. Respeito ponto de vista contrário, acho que este assunto, de tão importante que é, merece um debate público.

E preciso mudar já. Romilson Silveira

4 Comments

4 Comments

  1. Credo

    5 de Março de 2021 at 11:40

    O ministro ir a televisão dizer que problema de príncipe é antigo e já viajou 4 vezes é faltar respeito aos residentes do Príncipe. Arrogância é favor. Mlstp está no poder 46 anos. Ainda diz que é problema antigo.

  2. Paulo Jorge

    5 de Março de 2021 at 11:50

    Caro Romilson, venho congratula-lo uma vez mais, primeiro por defender a sua visão e segundo pela coragem de disseminar essa visão (o país deve ser conduzido pela ética, moral e boa conduta, pilares de uma sociedade saudavel e que almeja o real desenvolvimento) crítica que muitos partilham e não têm a coragem de partilhar. Há muito que os que usufruem de actos macabros durante a governação sentem-se incomodados com posts desta natureza, com o argumento de que se esta a atentar contra a governação ou de que se esta contra o governo. Pelo menos para quem conhece o autor do referido texto, este foi também bastante crítico na anterior governação. O propósito é chamar atenção a governação no sentido de informar com verdade e actuar com base na transparência e boa governação, pois desta forma o país agradecerá e todos ganharemos de uma forma ou de outra.

  3. Jorge D'Alva

    5 de Março de 2021 at 16:56

    O que seria muito bom seria os países europeus, sobretudo Portugal, não aceitar nenhum dirigente santomense fazer tratamento em Portugal. Quando estiverem doente serão obrigados a tratarem no seu país. Isto faria com que os dirigentes investissem nas estruturas de saúde nos seus países.
    Os santomenses na diáspora, deveriam revoltar contra qualquer centro de saúde na europa que tente tratar os governantes santomenses. Obrigá-los a regressar e tratar no seu país. Deveriam aceitar apenas o povo que não tem culpa do que se passa na saúde no país.
    O Governo anterior ainda conseguiu construir duas estações de produção de oxigénio, sendo um em cada ilha. Vem este Governo irresponsável e em menos de dois anos destroem tudo. O Governo anterior negociou com o fundo do Kuait a construção e reabilitação do hospital. Vem este governo e destroem tudo
    Os membros do Governo maltratam os antigos membros do governo tratando-os de gaboneses. Mas vão a Gabão pedir oxigénio.
    Vergonha na cara??? Nada…

  4. Toto

    6 de Março de 2021 at 7:17

    Muito bem dito. Há algum tempo atrás os nigerianos em Alemanha expulsaram um ministro de seu país num hospital local e disseram ao mesmo para ir tratar em Nigéria. Acho que os são Tomenses deviam fazer o mesmo em Portugal quando aí se deslocam. Vergonha de políticos. Até inventam viagens de estado para participarem em casamentos fora de país.

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