Economia

«Não há razões para que se assista a esta crise de cacau…»

A garantia é de António Dias. Ex-ministro da agricultura, e membro fundador da cooperativa de exportação do cacau biológico de São Tomé e Príncipe, António Dias, considera que o cacau de São Tomé e Príncipe tem que ser diferenciado no mercado internacional.

O país tem uma produção muito pequena de cacau, se comparar com os grandes produtores mundiais, casos da Costa do Marfim e do Gana.

«Não há razões para que se assista, a esta crise de cacau a nível nacional. Isto porque São Tomé e Príncipe só produz 3 mil toneladas de cacau por ano. É uma produção muito ínfima, se compararmos com os grandes produtores mundiais. Temos a Costa do Marfim que produz 1 milhão e 400 mil toneladas de cacau por ano. O Gana com 900 mil toneladas», referiu.

Na análise da situação de crise que se abateu sobre os produtores do cacau convencional. Uma crise provocada pela falência da empresa SATOCAO, que deixou de ter capacidade financeira para comprar cacau nas parcelas dos agricultores.

António Dias, aponta a fraca qualidade do cacau convencional, como sendo a principal causa da perda do mercado e da rentabilidade por parte da SATOCAO.

«Se hoje muita gente tem dificuldade em comercializar o nosso cacau a nível internacional, é porque o nosso cacau não é diferenciado, ou seja, é posto no mesmo saco. E isso não é bom. Quando há compradores ambulantes que de forma desorganizada promove o furto do cacau nas parcelas dos agricultores, e não se preocupam com a qualidade do cacau, acabam assim…. põem em causa a imagem do cacau a nível internacional», precisou António Dias.

Pela sua pequenez, incapaz de concorrer em quantidade com os grandes produtores do cacau, São Tomé e Príncipe está condenado, a fazer a diferença no mercado internacional, através de produção de cacau de altíssima qualidade. Produção biológica, que promova o preço justo.

«Não temos tido problemas, porque desde a génese da cooperativa(CECAB)… que fomos pondo na prática vários critérios técnicos, desde a colheita passando pela fermentação, até a secagem. Nunca utilizar qualquer produto tóxico, isto para que tenhamos um cacau de alta qualidade e direccionado para um nicho específico de mercado internacional. É isto que nos permite ter uma certa estabilidade….», frisou.

A produção de excelência, pode dar segurança total ao comércio do cacau nacional. «Em condições normais nenhum comprador nacional, poderia ter dificuldades de comercializar o cacau no mercado internacional», desabafou António Dias.

O Director Executivo da CECAB, disse ao Téla Nón que a produção biológica do cacau, para além de garantir um mercado seguro para venda do produto, dá imensas vantagens aos agricultores.

«Os agricultores de cacau convencional(produção não biológica), ganham 10 dobras por cada quilo de cacau. Mas na cooperativa de cacau biológico o agricultor tem um rendimento de 22 dobras por cada quilo de cacau», sublinhou.

António Dias prosseguiu, «os que estão no convencional compram sulfato de cobre, quando os da CECAB, só custiam 30% do valor do sulfato de cobre. Na cooperativa de cacau biológico garantimos assistência medicamentosa para os agricultores mais vulneráveis e outros apoios ….», detalhou.

Segundo António Dias a actual crise na comercialização interna do cacau convencional, representa uma oportunidade para os agricultores nacionais. Oportunidade para optarem pela produção de alta qualidade.

Abel Veiga

1 Comment

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  1. Daniel

    28 de Outubro de 2020 at 14:26

    Frisou e mto bm o nosso ex-ministro de Agricultura e Pesca, contudo não tem como fazer frente aos grandes produtores pelo simples facto da nossa pequenez, entretanto podemos fazer o diferente, no que range a qualidade do produto.
    É aproveito deste modo para parabenizar pelo trabalho exercido, tanto do lado da CECAB como da parte das pessoas resgatadas pela falência.

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