Política

Laboratório de Referência diz que aumento de voos pode gerar CAOS

A retoma do Turismo prometida pelo Governo de Jorge Bom Jesus, como elemento fundamental para a recuperação económica do país, está para já condenada ao fracasso.

O laboratório de referência que processa os testes da Covid-19, já recusou as propostas das companhias áreas para aumentar o fluxo de voos da Europa e da África para São Tomé e Príncipe, e vice-versa.

O laboratório de referência nacional, apresentou para o Téla Nón, a real situação que o país vive em termos de diagnóstico da Covid-19. Uma situação complicada diz a directora Rosa Neto.

O Governo não criou estruturas para garantir a realização de testes massivos a Covid-19. Por isso, a retoma do Turismo está comprometida.

«O laboratório foi construído para atender a uma doença, a Tuberculose. Não foi pensado para dar resposta as actividades que temos hoje, que é uma pandemia, a Covid-19», desabafou a directora do laboratório.

Sem estrutura adequada, para lidar com a Pandemia, até o sistema eléctrico instalado no edifício, está a revelar-se inadequado. «Agora temos equipamentos que constituem uma sobrecarga para o sistema eléctrico. Temos uma base de dados em que sempre que falha a electricidade não conseguimos dar resposta a demanda de testes..», acrescentou Rosa Neto(na foto).

Um laboratório de referência, que só tem um equipamento para realização dos testes PCR a Covid-19.

«Neste momento com o número de voos e de passageiros que temos, incluindo os pacientes temos muitas dificuldades de dar resposta. Seria então imprudente da nossa parte aceitar o aumento de voos, sem termos condições básicas para responder à demanda..», precisou.

O laboratório de Referência de São Tomé e Príncipe começou a realizar testes PCR em Outubro do ano 2020. Antes o país não tinha capacidade nem técnica, nem material, para fazer testes a Covid-19.

Actualmente são realizados 150 testes PCR por dia. Rosa Neto, disse ao Téla Nón que o laboratório funciona com a mesma equipa técnica que começou a trabalhar no ano 2020. Os técnicos já estão estoirados.

«Temos problemas com os técnicos. Os que estão a trabalhar até hoje, são os mesmos que estiveram na primeira linha desde o início da pandemia. Estão cansados. Nós deixamos de ter vida própria. Temos horário para entrar no trabalho, mas não temos o horário para sair..», reclamou.

O Governo é convidado a investir na formação de novos técnicos para garantir o funcionamento seguro do laboratório de referência.

«Nós precisamos de pelo menos mais 6 técnicos para podermos aumentar a nossa carga horária. Não é possível uma equipa trabalhar durante 12 horas, e depois pedirmos para garantir mais 12 horas de trabalho..», afirmou a directora.

O laboratório de referência de São Tomé e Príncipe, conta com 10 técnicos incluindo a directora. É com esses recursos humanos, que o laboratório processa diariamente as amostras da Covid-19, mas também das outras duas doenças que aliás estão na base da criação do laboratório. Trata-se do HIV e da Tuberculose.

«Nós fazemos a cobertura nacional. Todos os distritos enviam amostras de HIV, da Tuberculose e da Covid-19. Em termos de mão-de-obra diariamente colocamos 6 técnicos a processar as amostrasOutros 4 técnicos se ocupam do controlo da qualidade do exame», pontuou.

A mesma equipa trabalha todos os dias, e para haver mais turistas através do aumento de voos internacionais, o Governo tinha que pensar primeiro no reforço do pessoal técnico do laboratório.

Mas não só. O equipamento que realiza o teste PCR, também está a dar sinais de cansaço. «Desde o início da pandemia que trabalhamos com o mesmo equipamento, que é único, e sem manutenção. Há momentos que perde estabilidade e temos que repetir os exames…», reforçou a directora.

A base de dados do laboratório de referência é manual. Rosa Neto deu o exemplo de um episódio ocorrido na passada quinta – feira. O voo de ligação entre São Tomé e Libreville-Gabão estava quase que cancelado na pista do aeroporto de São Tomé, por causa dos testes PCR.

«E nós aqui aflitos para ter meios para imprimir os últimos resultados. Imagine se tivéssemos naquele dia um voo da TAP com 150 à 180 passageiros e termos uma situação desta? Precisamos garantir condições básicas…por exemplo a base de dados é manual. Temos que automatiza-la», reclamou.

O laboratório de referência garantiu ao Téla Nón que já entregou ao Governo o diagnóstico da sua situação. «Já apresentamos a quem de direito quais são as nossas dificuldades.»

Enquanto as dificuldades não forem superadas, o Governo não pode lançar a campanha de retoma do Turismo. «Por exemplo poderemos ter um voo para Europa de 150 passageiros, e o laboratório não conseguir emitir os resultados. Portanto ninguém viajará na mesma…», destacou a Directora Rosa Neto.

O plano do Governo de Jorge Bom Jesus de promover a retoma do Turismo, sem antes estruturar o laboratório de referência, é um grande risco.

« Aquilo que se pretende, tem-se que preparar para isso. Se não se preparar vai ser um caos..», avisou a directora Rosa Neto.

Segundo a directora do laboratório de referência, com apoio da OMS já foi identificado mais um equipamento para reforçar a capacidade de realização dos testes PCR. No entanto falta ainda a aquisição de outros equipamentos auxiliares.

Abel Veiga

9 Comments

9 Comments

  1. Jity

    10 de Maio de 2021 at 9:25

    Esse governo tem pessoas muito atrasadas. Como é que não pensaram nisso antes.
    Com tanto apoio que receberam não podiam ter aumentado a capacidade de fazer testes.
    Fico com a impressão que os políticos deixam de pensar quando vão ao poder.
    Mentes quadradas.

  2. Manel pereira

    10 de Maio de 2021 at 10:53

    CAOS é o que já vivemos em São Tomé e principe seus burros e atrasados.
    Este país jamais vai desenvolver.
    Se fosse os turistas procurava outros destinos.

  3. Arménio Camblé

    10 de Maio de 2021 at 13:29

    Roga-se a todas as pessoas de boa fé, principalmente aos jornalistas e fazedores de opinião, para utilizarem palavras certas para coisas a que de facto lhe dizem respeito, ou ainda que se coadunam com os factos, circunstâncias e gravidade.
    Adjectivar não significa cocolar apenas palavras,….. é sobretudo ter a noção da razão da adjectivação. Esse meu rapido comentário é para dizer que a palavra CAOS utilizada no titulo dessa noticia não tem razão de ser.
    CAOS, é mesmo caos.
    Gravidade de uma situação é outra coisa.

  4. Jorge D'Alva

    10 de Maio de 2021 at 19:16

    Para mim, isto é mais do que caos. Enquanto o COVID tem sido um problema para muitos países, aqui em S.Tomé, o Covid foi uma grande oportunidade para este Governo. Nunca o país recebeu tanto dinheiro da cooperação internacional para investir na saúde. O Covid tem sido uma fonte de financiamento, que se fosse um Governo responsável, teríamos pelo menos 50% dos problemas de saúde resolvido. Deveriamos aproveitar todas as ajudas recebidas, para construir mais um edficio no Hospital Central para aumentar a quantidade de camas, deveriamos montar dois ou três verdadeiros laboratórios de análises, mas de todas as análises gerais etc. etc.. Mas não fazem nada. Tomaram dinheiro da Covid para comprar sabão azul, tomaram dinheiro de Covid para pagar renda da casa do senhor Delfim Neves, tomaram dinheiro da Covid para lançar concurso para compra de carros novos para os juizes corruptos do tribunal constitucional etc. etc.
    Então isto não é um CAOS???
    Para mim é mais do que um Caos. São vários caos, se associarmos a isto, o problema de energia existente. Então assim é que querem desenvolver o turismo e desenvolver o país.
    Jabo Cá Leva nacê

    • Matabala

      11 de Maio de 2021 at 15:35

      Disse tudo meu caro…isso não é gente séria. ..

  5. Vanplega

    11 de Maio de 2021 at 14:52

    Senhora Directora, eu vou ficar sem comprar meu apartamento em Poetugal e levar minha familia e boquita, para dar-ti um PCR?

    Entāo, por mais tecnico a trabalhar, ñ pode ser. Cm vou enganar os que nos ajuda se nāo tivemos desempregados com fartura.

    A Doutora, quer sair do cargo

    Deixe assim que està bom para nois POLITICOS

  6. Ralph

    12 de Maio de 2021 at 5:25

    Terá de ser idiotice qualquer país procurar retomar o turismo à grande escala nestas condições. Tem-se apenas de olhar ao que se passa na Índia atualmente para verificar que a pandemia ainda persiste de forma descontrolada em certas partes do mundo. Aceitar a chegada de mais turistas sem haver medidas adequadas de segurança certamente será um erro. Não se pode realmente confiar nos sistemas de controlo estabelecidos em muitos países, significando que abrir as fronteiras neste momento representaria um risco grave. Embora seja difícil para a economia manter as fronteiras fechadas, seria pior abrí-las e depois ocorrer outra vaga da COVID-19.

    • Ralph

      12 de Maio de 2021 at 5:43

      E mais, mesmo se as condições estivessem certas para permitir entrar os turistas, eles até iriam decidir viajar? Parece-me que o apetite para viajar esteja muito reduzido por causa da incerteza associada à pandemia. Além do simples ato de se ser capaz de andar de voo, há as complicações envolvidas na quarentena e as possibilidades que, a qualquer momento, um país pudesse mudar as regras enquanto se está de férias. Para muitos turistas, estes fatores apresentar-lhes-iam desafios que iriam prevenir que muitos deles até embarcam num voo.

  7. Ana Maria

    21 de Maio de 2021 at 7:51

    O que é feito com o dinheiro que se cobra para realização dos testes?

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