Os habitantes da Vila de Malanza no extremo sul da ilha de São Tomé começaram a abandonar a baía considerada zona de alto risco provocada pelas mudanças climáticas.
12 famílias de pescadores receberam novas casas numa zona de expansão construída pelo projecto WACA, financiado pelo Banco Mundial.
A Baía de Malanza, localizada a mais de 80 quilómetros da cidade de São Tomé, era coberta por coqueiros. A praia e a comunidade de pescadores ficavam há mais de 200 metros do ponto onde é hoje banhado pelas ondas do mar.
Vital Manuel Evaristo antigo pescador de Malanza, contou para o Téla Nón que foi trepador de coqueiros na era colonial. Segundo Vital, toda a baía de Malanza era preenchida por coqueiros. Do rio Lombela até a o fim da baía existiam mais de 800 coqueiros. A colheita da copra era abundante na zona sul da ilha de São Tomé.
«Mas mar está a avançar só…derrubou os coqueiros e nós que vivemos à beira mar, temos as casas sempre inundadas pelas ondas do mar. Eu tenho dois botes de pesca, e muitas vezes à noite sou surpreendido com a fúria do mar, a querer levar os botes», afirmou Vital Manuel Evaristo.
Fenómenos naturais extremos, provocados pelas mudanças climáticas engoliram o coqueiral de Malanza, e ameaçam a comunidade.
A intervenção do projecto de resiliência das zonas costeiras da África Ocidental, WACA, financiado pelo Banco Mundial criou uma zona de expansão na Vila Malanza. Construiu os arruamentos e uma escola básica. Um novo bairro nasceu há mais de 1 quilómetro da orla costeira.
Vital Evaristo, recebeu a casa número 2. Disse que é um dia feliz. Vai ficar longe do perigo que o mar passou a representar para a comunidade. Dois quartos, uma sala, casa de banho e cozinha. A casa de banho é uma das novidades para a comunidade piscatória de Malanza. A maioria das casas na orla marítima não tinha casa de banho.
No entanto Vital Evaristo alertou para um facto importante que tem a ver com a tradição do povo angolar e dos são-tomenses na sua maioria. A cozinha apesar de estar separada da casa, apenas ligada por um corredor, não corresponde à tradição.
«Nós os angolares gostamos de assar fruta pão com lenha. Temos de criar um fogão de rua, porque a lenha produz muito fumo. Dentro desta cozinha com lava-loiças, e outras coisas, o fumo vai estragar tudo», precisou.
O projecto WACA explicou que no total são 24 famílias que deverão abandonar a Baía de Malanza. «Esta primeira etapa consistiu na construção dessas primeiras 12 casas, para retirar 12 famílias que vivem na zona de extremo risco. Mas, no entanto, são necessárias 24 casas. No mês de agosto vamos começar a construção das 12 casas», afirmou Arlindo Carvalho, coordenador do projecto WACA.
Segundo Arlindo Carvalho , com o financiamento do Banco Mundial, a Baía do sul da ilha de São Tomé vai ser requalificada. A obra de requalificação foi entregue a uma empresa brasileira.
«A zona de risco onde vamos retirar as casas vai ser transformada num espaço de utilidade pública. Uma zona de restaurantes, campos de voleibol, para venda de artesanato. Que as pessoas possam desfrutar dessa zona. Uma de que têm medo passará a ser zona amiga da população», confirmou Arlindo Carvalho.
A infraestrutura social que está a ser erguida na Vila Malanza custa cerca de 1 milhão de dólares. O coordenador disse ao Téla Nón que o projecto WACA começou a intervir em São Tomé e Príncipe, com um financiamento de 4 milhões de dólares.
A boa execução permitiu ao Banco Mundial aumentar o financiamento na segunda fase para 15 milhões de dólares. Um financiamento que permitiu a execução das obras de reassentamento das populações das zonas costeiras ameaçadas de todo os país por causa pela turbulência marítima.
Para a terceira fase, designada WACA +, o projecto vai combater as mudanças climáticas e promover o sector do turismo. O Banco Mundial já disponibilizou 24 milhões de dólares.
Membros do governo e da autarquia de Caué marcaram presença na cerimónia de entrega das casas aos pescadores da Vila Malanza.
Abel Veiga
jose Manuel
18 de Maio de 2024 at 10:58
Parabéns a comunidade de Malanza. Parabéns ao Projeto WACA. Tenho estado a gostar daquilo que têm estado a fazer. As crianças de malanza que se deslocavam até Porto Alegre, agora já tem uma escola na sua porta. Isto é muito bom. Para além de estarem a sair de uma zona perigosa para uma zona mais segura, também vão estar numa casa com melhores condições, com água canalizada nas suas casas, com energia eletrica, com casas de banho, com cozinhas dentre das casas etc. Por isso a vida destas pessoas vão melhorar. Por isso digo mais uma vez parabens para todos.
Manuela Pedroso
18 de Maio de 2024 at 11:05
Muito bem. Força a todos e todas. Este projeto mudou o visual da marginal da vila de Pantufo, acabou com pantano de Praia Melão e Micoló, construiu escolas am Malanza, Santa Catarina e Micoló entre outros, por isso quero felicitar ao waca e toda a população beneficiária.
EX
20 de Maio de 2024 at 10:19
Muito Bom, dessas atitudes que o pais precisa, um Projecto que esta fazendo acontecer, diferente de muitos outros que so serviram para alguns ganharem bons salarios e compra de carros.
Mas WACA aqui esta fazendo e bem feito, para povo ver e sentir as melhorias que continuem assim, esse povo e pais precisam
Mepoçom
21 de Maio de 2024 at 11:32
Parabéns ao projecto e aos beneficiários, que cuidem e preservem este bem essencial abrindo caminho aos outros. Acabar com probreza é uma ilusão, mas minimiza com o contributo de todos. O homem primitivo morava em caverna, homem moderno vive em vivenda, moradia, apartamento… Que acompanhe a evolução.