(Mau Humor Estudantil: Quando a escrita se transforma na única forma de alimentar as esperanças)
OBS: este trabalho de críticas e pontos de vista pessoais de um estudante santomense, foi escrito no início da década de noventa, enquanto estudante universitário em Kharcov, Ucrânia – Ex-União Soviética. O fato de ter sido manuscrito, obrigou a que se tornasse necessário a sua digitalização, o que foi feito paulatinamente. Contém 62 páginas e para que a leitura do mesmo não seja, por isso, muito enfadonha, esta publicação, utilizando este espaço deste jornal digital, é feita de forma faseada em 8 unidades (bibliografia, introdução e que fazer?, pesca e pecuária, turismo, desporto, cultura, ensino superior, economia e política), sendo que desta vez é publicada a unidade 4/8 referente a “O TURISMO” e que compreende O DESPORTO e A ASSOCIAÇÃO DOS CLUBES DESPORTIVOS. Já foram feitas três publicações, sendo: 1/8 – 18-10-2023 (https://www.telanon.info/politica/2023/10/18/42113/sao-tome-e-principe-que-futuro-3/) 2/8 – 15-11-2023 (https://www.telanon.info/sociedade/2023/11/15/42377/stp-que-futuro-mau-humor-estudantil/) 3/8 – 14-12-2023 (https://www.telanon.info/suplemento/opiniao/2023/12/14/42714/3-8-stp-que-futuro-mau-humor-estudantil/) |
ÍNDICE
O MEU EU.. Erro! Indicador não definido.
INTRODUÇÃO.. Erro! Indicador não definido.
I. QUE FAZER?. Erro! Indicador não definido.
II. A PESCA.. Erro! Indicador não definido.
III. A PECUÁRIA.. Erro! Indicador não definido.
IV. O TURISMO.. Erro! Indicador não definido.
IV.1. O Desporto.. Erro! Indicador não definido.
IV.1.1. A Assossiação dos Clubes desportivos. Erro! Indicador não definido.
IV.2. A Cultura. Erro! Indicador não definido.
IV.2.1. Os agrupamentos culturais. Erro! Indicador não definido.
IV.3. O Ensino Superior como grande vítima. Erro! Indicador não definido.
IV.3.1. A contribuição dos estudantes no desenvolvimento do turismo. Erro! Indicador não definido.
IV.3.1.1. Organização Estudantil Erro! Indicador não definido.
V. ECONOMIA.. Erro! Indicador não definido.
V.1. Sector energético. Erro! Indicador não definido.
V.1.1. Hidroenergia. Erro! Indicador não definido.
V.1.2. Fornecimento de água e energia eléctrica. Erro! Indicador não definido.
V.2. Outros assuntos. Erro! Indicador não definido.
V.2.1. Centro de aconselhamento para investimentos. Erro! Indicador não definido.
V.2.2. Protecção do ambiente. Erro! Indicador não definido.
VI. POLÍTICA.. Erro! Indicador não definido.
VI.1. Exemplos dos efeitos negativos dum regime (guarda-costas) Erro! Indicador não definido.
VI.2. A Censura. Erro! Indicador não definido.
VI.3. Sistema de governação para STEP. Erro! Indicador não definido.
IV.1. O Desporto
O desporto é pois uma actividade utilizada mesmo pelos países mais industrializados, não só para a marcação da presença no mundo, mas também para a demonstração das suas potencialidades desportivas e a sua supremacia.
Esta actividade é, pelos vistos, a única digna de poder ser utilizada por STEP, para pelo menos marcar a sua presença no mundo.
Devo infelizmente dizer que as entidades desportivas nacionais têm ao longo dos tempos, principalmente a partir dos finais da década de 70, experimentados a paciência dos desportistas nacionais, criando as condições para a sua desmoralização e quebra de confiança, com consequências negativas no seu aproveitamento futuro como desportistas.
O mais incrível de tudo é que não sei como é que as entidades desportivas e dirigentes nacionais são capazes de esquecer ou não lembrar que os nossos desportistas não são profissionais, pelo que não ganham nada com a actividade desportiva que praticam, o que significa que ao praticarem desporto, fazem um incalculável favor ao desenvolvimento do país.
Entretanto, quantas vezes os desportistas não foram convocados a preparar para competições internacionais no exterior mas que, nas vésperas das deslocações os atletas são surpreendidos com a informação de que a deslocação já não se efectua!
Já houve ocasião que a selecção nacional de futebol, com treinador estrangeiro, preparou-se com objectivo de participação, salvo erros, nos Jogos da África Central, mas que, infelizmente, depois de muitos esforços, muito trabalho e perca de tempo, a deslocação não se efectuou.
Esta é uma experiência que não pode continuar a se repetir, se é que se pretende ver o desporto avançar.
As entidades desportivas em particular e os dirigentes nacionais em geral devem estar pelo menos à altura de reconhecer que actos deste género terão impreterivelmente as suas negativas repercussões no desenvolvimento desportivo.
A situação geral de STEP dá ocasião para concluir que o desenvolvimento do desporto é o factor indispensável ao desenvolvimento do país. O desenvolvimento do país deve ser fruto do desenvolvimento do desporto e não o contrário.
Devemos reconhecer que o desporto poderá vir indirectamente a ser uma das fontes de não pouca importância na entrada de divisas no país. Para isso é necessário que uma significativa atenção seja dada ao desporto em geral por parte do Estado, bem como a criação de condições que permitam que os clubes desportivos se organizem.
Em verdade, STEP não possui qualquer recurso natural real em exploração, que possa permitir a entrada de divisas.
A indústria, o comércio e a pecuária, cuja existência dos respectivos produtos depende só do esforço dos homens, são actividades insignificantes em STEP. A pesca, única actividade cujos respectivos produtos finais não dependem só do esforço dos homens, pois o peixe já abunda, também é insignificante.
Difícil, mas mesmo difícil entender como o país sobrevive.
E se as coisas continuarem tal como são hoje, escusado pensar que num futuro próximo tais actividades estejam à altura de fazer entrar divisas no país.
Não quero dizer que o desporto, ao curto prazo, possa estar à altura de conduzir divisas ao país. Mas o desporto, na imagem das suas várias modalidades, poderá, a qualquer momento, participar indirectamente na entrada de divisas. Para isso devemos começar a entrar no mundo de desporto com participação em todas competições internacionais a que o país tem direito.
Não será trabalho fácil mas estou consciente que possuímos desportistas capazes de representar clubes ou o país com respeito, orgulho e dignidade, pelo que será possível que por exemplo, nossos futebolistas possam vir a ser pretendidos pelos grandes clubes do desporto mundial.
O importante é olhar para esta questão como possível, com optimismo e com interesse.
Estando STEP interessado em desenvolver a actividade turística, terá necessariamente que mostrar-se ao mundo, dando a conhecer a sua existência como país. Não deve haver dúvidas que o desporto é a via real que possuímos.
Daí que a deslocação de atletas nacionais ao estrangeiro em competições internacionais deve ser um imperativo.
Antes de serem tomadas quaisquer decisões com o propósito desta ou daquela actividade desportiva, as autoridades devem estar seguras que a actividade se realizará de qualquer modo.
No mundo, o futebol é rei. Em STEP o futebol não é só rei, pois é a única modalidade desportiva com vantagens internamente económicas. O futebol deve servir de esteio ao desenvolvimento de qualquer outra actividade desportiva.
Sem o futebol o atletismo nacional terá sérias dificuldades em encontrar o competente apoio popular. Se competições de atletismo forem combinadas com a realização de encontros de futebol, já o apoio popular será encontrado. Por isso não seria pouco importante que qualquer encontro de futebol no Estádio Nacional 12 de Julho ou noutro campo qualquer fosse combinado com competições de atletismo na medida do possível.
Por outro lado, se as entidades desportivas não se julgam em condições de fomentar competições ao nível interno e fazer desportistas deslocar ao estrangeiro em competições internacionais, condições devem ser criadas permitindo aos investidores e empresários no país participarem parcial ou totalmente nesses actos. Leis devem permitir que deslocação de desportistas ao estrangeiro em representação do país não seja só um privilégio estatal, desde que o Estado não esteja à altura. Não retrocedo em afirmar que os dirigentes nacionais não encontram justificação para a incompatibilidade de semelhantes leis.
Com respeito à admissão de treinadores estrangeiros para selecções nacionais, julgo ser dispensável. É preferível a realização de cursos de treinadores para as diversas modalidades desportivas.
Os nossos treinadores de futebol, por exemplo, assim como qualquer outro possível treinador estrangeiro, necessitam é que não se continue a quebrar a moral dos atletas, alimentando-os as esperanças em vão.
E dos bons jogadores? Será que os não possuímos?
Todos os amantes do desporto em STEP independente recordam de tais vulgos como: SHELL, TATY, SILVÉRIO, ARTURINHO, GROMICHO, MÁRIO MORENO, JORDÃO II, etc. etc, em que os dois primeiros, se transformaram em autênticos ídolos do futebol nacional, substituindo mesmo, ainda que temporariamente, do pensamento dos amantes de desporto nacional, tais ídolos incontornáveis como DAMAS e EUSÉBIO, respectivamente do Sporting Club de Portugal e Sport Lisboa e Benfica ou ainda PELÉ do Brasil.
Sim! Houve momentos que em STEP, só se falava do TATY ou SHELL, ambos do Victória do Riboque, esquecendo-se do PELÉ, EUSÉBIO ou DAMAS.
E já nem se houve falar das atléticas “obras” de MÁRIO PITRA!
Que pena ser desportista santomense!
Mas isso tem de acabar. Acabará quando o orgulho de ser santomense e o respeito pelo que for santomense passarem a ser realidade.
Hoje, daqueles nossos ídolos quase que já ninguém se recorda, infelizmente, e não é mesmo fácil o surgimento de novos, capazes de glorificar o futebol nacional como naqueles tempos. Tal é a sorte do nosso desporto que foi deixado cair em espécie de bancarrota, aliás como toda a economia nacional.
Recordo-me que em 1988, antes de me deslocar à URSS em formação, redigi uma carta ao programa radiofónico “DESPORTO EM MOVIMENTO”, na qual eu solicitava das entidades desportivas nacionais que dessem maior significado ao futebol, não o deixando cair tal como estava se patinando. Naquela carta eu opinava que os campeonatos da 1ª e 2ª divisões fossem realizados em simultâneo, permitindo, deste modo, que o intervalo de tempo entre o fim e o início dos campeonatos duma mesma divisão fosse reduzido.
Evidentemente, até aquelas alturas, após o fim do campeonato duma divisão, o início do da outra divisão levava muito tempo. Os campeonatos em si também levam o seu tempo. Isso significava que os jogadores de uma divisão permaneciam cerca de ¾ do ano em completa inactividade, à espera do início do respectivo campeonato. E tal comportamento não podia trazer algo de importante para a preparação física, técnica e moral dos jogadores e do fortalecimento da capacidade competitiva e financeira dos clubes.
Tempos depois dessa carta, e já no exterior, em formação, tive informações que os campeonatos da 1ª e 2ª divisões se realizam em simultâneo.
Não quero com isso dizer que a minha carta tenha jogado o papel desejado, influenciando a decisão das entidades desportivas. Tanto mais que nem sei se a minha carta fora divulgada, pois nunca tive ocasião de saber disso.
Mas ainda que a carta não tivesse sido divulgada, ainda que ela não tivesse influenciado a decisão sobre a realização em simultâneo dos dois campeonatos, raios partam a coincidência!
Não sei se tal modelo prevalece. Em todo o caso, naquela carta eu propunha que a realização dos campeonatos em simultâneo fosse ainda que experimental.
Entretanto, a queda da qualidade do nosso desporto e dos nossos desportistas não tem só como causa principal o desinteresse estatal, mas também a incapacidade organizativa dos próprios clubes desportivos e da infeliz, mas impreterível situação, a que estamos submetidos em assistir a deslocação dos nossos potenciais desportistas ao exterior para a continuação dos seus, indispensáveis ao país, estudos. Uma organização dos clubes em associação seria um bom pontapé de saída.
IV.1.1. A Associação dos Clubes desportivos
Sim! A má organização dos clubes desportivos também tem tido o seu negativo papel no desenvolvimento do desporto no país.
Muitos clubes, em STEP, para não dizer todos, dependem dos bolsos dos seus dirigentes. Os clubes se habituaram a considerarem-se a si como “não pobres”, desde que tenham na sua direcção dirigentes de reconhecido poder financeiro.
O mais estranho de tudo é que tais dirigentes não se importam em gastar somas não pouco fabulosas com os seus clubes, sem pensar em vantagens pessoais (mais valia económica). Se esses dirigentes pensassem em vantagens, então certamente que haveria clubes verdadeiramente ricos, se comportando como empresas.
Porquê cada clube não se transforma em sociedades por quota de responsabilidade, com o objectivo de exercer actividades não só desportivas, senão também económicas (industriais, comerciais, etc, etc), cujo propósito seria o desenvolvimento do desporto?
Depois de cada clube se transformar em sociedade, esta poderia unir os seus esforços em uma “ASSOCIAÇÃO DE CLUBES DESPORTIVOS” (ACD), que teria a função de responder pelos problemas comuns, como por exemplo, a deslocação dos seus atletas ao exterior em competições internacionais, em representação dos respectivos clubes.
Os clubes devem organizar-se e unir seus esforços de qualquer modo. Devem compreender que, em separados, não estarão nunca em condições de resolver problemas que lhes são comuns num país de cerca de cem mil habitantes. Devem entender que o desenvolvimento que eles podem pretender não depende de se cada qual puder resolver seus problemas, mas sim de se todos estiverem em essas condições.
E sem uma organização adequada, jamais o desporto atingirá o apogeu que todos devemos desejar. Os clubes devem se organizar e actuar em conjunto, orientando-se num objectivo. Devem saber que não é o Estado que os fará desenvolver. Claro que o Estado não deve criar quaisquer obstáculos a iniciativas dos clubes, conducentes à sua organização e desenvolvimento.
A transformação dos clubes em sociedades por quotas de responsabilidade, bem como a posterior criação da associação dos clubes, será uma arma legal que inevitavelmente trará resultados positivos em espaço de tempo relativamente curto.
Contudo, a minha opinião não é omnipotente. O importante é que os clubes se organizem e actuem em conjunto.
Suponhamos que cada clube se transforme em sociedade. Com base no valor do fundo social de cada uma dessas sociedades, pode-se determinar, de forma aritmética, o valor das suas quotas para o fundo social da ASSOCIAÇÃO DOS CLUBES.
Como resultado da formação dessa associação, cada clube sócio ficaria sujeito a depositar nos cofres da mesma uma quantia que seria em percentagem determinada sobre os lucros líquidos provenientes da realização de quaisquer actividades desportivas lucrativas.
Um dos primeiros passos a serem dados no sentido do desenvolvimento do futebol e, consequentemente, do desporto em geral, será o de vedação segura dos campos de futebol.
Entende-se vedação segura como vedação em alvenaria.
Nenhum clube hoje está em condições de levar a cabo uma acção do género. Também nem em todos os pontos do país um empreendimento deste género traz vantagens.
A Associação dos clubes será um potencial interlocutor, por intermédio do qual, se tornará possível, mais facilmente, obter créditos bancários ou de outra fonte qualquer, com o objectivo de vedação dos campos e de realização de outras actividades de interesse desportiva.
A vedação dos campos não é tal acção que possa ser realizada indiscriminadamente. Há que basear na lei de vantagens.
Por isso, eu opinaria que os primeiros campos a serem vedados fossem os localizados em zonas onde seja possível obter maior número possível de espectadores.
Baseando neste facto e atendendo a que a cidade capital já possui um estádio, então o primeiro dos campos a ser vedado seria o da Cidade da Trindade que, para além de ser utilizada por três dos principais clubes locais, se situa também na cidade mais povoada do país depois da cidade capital São Tomé.
Os segundos campos a serem vedados propunha que fossem ou Riboque-capital, ou Bombom, ou Pantufo, Praia Cruz, Santana, Santo António do Príncipe ou Neves.
A vedação do campo do Riboque ou Bombom teria também a vantagem de substituir temporariamente o Estádio Nacional 12 de Julho, durante o período de restauração e remodelação de que carece, permitindo criar nele melhores condições, de acordo com a ética internacional.
O processo de vedação dos campos seria programado e prolongar-se-á até que todos os campos dos clubes sócios situados em locais de vantagem, fossem devidamente vedados.
Os campos situados em zonas de menos vantagem poderiam ser vedados a outros materiais menos dispendiosos que alvenaria.
Paralelamente à vedação dos campos, os clubes devem evidenciar a construção das suas respectivas sedes. Essas sedes podem ser constituídas não só de gabinetes, mas também de um recinto de funções múltiplas, onde se pode realizar tanto actividades ou treinos desportivos tais como basquetebol, handebol, voleibol, futebol de salão, bem como actividades musicais. Inclusivamente, nas sedes podem ser realizadas actividades hoteleiras como: restaurante, bar, etc, desde que sejam criadas condições para tal e obtidas as respectivas autorizações legais.
Para tornar mais fácil a efectivação de tudo isso, necessário se torna que as entidades desportivas e da administração central do Estado se abstenham temporariamente de usufruir de quaisquer vantagens sobre as actividades desportivas a realizar pelos clubes (como por exemplo a isenção de impostos).
Em verdade, para o bem do nosso desporto e cultura, seria óptimo se as licenças ou autorizações para realização de actividades desportivas ou culturais fossem concedidas de forma gratuita, na ausência absoluta de quaisquer impostos, por um período longo.
Aliás, tal ausência de impostos poderia abranger igualmente a área de concessão de créditos bancários destinados exclusivamente ao desenvolvimento de actividades desportivas ou culturais, bem como a importação de artigos desportivos (bolas, equipamentos desportivos e musicais.
Não há dúvidas que isso incentivaria ao renascimento e aperfeiçoamento de tais actividades em STEP.
Porque não?
À Associação dos Clubes, como empreendedora do processo de vedação dos campos, deve ser dispensada uma especial atenção por parte das entidades desportivas e de crédito e finanças, permitindo que tudo seja possível levar a cabo sem grandes “quebra–cabeças”.
A reparação e remodelação do Estádio Nacional é inevitável. Se as entidades desportivas em particular e o Estado em geral se verem incapazes de promover semelhante acção, então que sejam dadas possibilidades a individualidades legalmente reconhecidas, que o façam.
A possível Associação dos Clubes poderá assumir tal responsabilidade. Estou convicto.
Seria bom que quando eu regressasse a S. Tomé em 1994 que encontrasse já os clubes desportivos a funcionarem melhor e, se calhar, transformados em sociedades por quotas de responsabilidade.
Contudo, a transformação de um clube em sociedade por quotas de responsabilidade pode não ser acto fácil, pelo que poderá fazer surgir a pergunta relacionada com a forma como isso pode acontecer.
E aqui também não posso deixar de apresentar a minha variante:
STEP é um país de cerca de 120.000 habitantes. Dentre esses cerca de 120.000, pelo menos 20.000 são “crónicos” amantes do desporto, para além dos “não crónicos”. De entre os cerca de 20.000 “crónicos”, pelo menos 1.000 estão em condições e interessados em se transformar em legítimos “donos” deste ou daquele clube, prevendo vantagens posteriores. Isso quer dizer que haverá concorrentes de sobra.
Além disso, em STEP há muitas empresas ou firmas comerciais, industriais, agrícolas, etc, que também poderiam ser sócios-dono dos clubes, contribuindo não só para o futuro próprio, mas também para o futuro do desporto no nosso país.
Deste modo, cada clube pode promover a inscrição para os interessados em ser seus sócios-dono. O período de inscrição seria previamente determinado. Após esse período a inscrição se fecha e, depois dos interessados serem conhecidos, os mesmos trabalhariam no sentido de elaboração do Estatuto e proceder a todos os trâmites necessários para o registo da sociedade nas instituições devidas.
Um cidadão pode ser sócio-dono de tantos clubes quanto quiser, desde que esteja em condições financeiras para tal.
Além disso, o sócio-dono dum clube não teria necessariamente que ser cidadão santomense. Condições legais devem ser criadas pasra isso.
Depois da publicação no Diário da República dos estatutos do clube-sociedade, os representantes de cada um desses clubes-sociedade se reuniriam para a criação da Associação dos Clubes e preparar os respectivos estatutos.
Certo é que nem todos os clubes se hão-de mostrar interessados em se transformar em sociedade e tão pouco na formação duma Associação.
Todavia, imagino que um considerável número de clubes, sobretudo os mais um pouco organizados, se hão-de interessar. Os que não se interessarem são dos que ignoram a lógica de que a união faz a força. Além disso, a formação da associação não tem necessariamente que depender da aceitação de todos os clubes. Os clubes interessados poderão logo constituir a associação e deixar as portas abertas para a ingressão dos outros que quiserem posteriormente ingressar.
Deste modo, a futura ingressão na associação dependerá dos resultados obtidos pelos primeiros bem como o funcionamento da própria associação.
Os actuais dirigentes dos clubes devem reconhecer que a união faz a força e que num país de cem mil habitantes, o desenvolvimento em separado dos clubes e do desporto em geral, é quase impossível.
Sei que muitos santomenses não se sentem optimistas quanto ao funcionamento e os sucessos duma possível união associativa dos clubes. Por isso eu, como optimista, devo demonstrar a minha visão para um desenvolvimento mais acelerado do desporto em STEP:
Depois da formação da associação dos clubes, uma das primeiras acções seria, como já disse, o início da vedação segura dos campos de futebol.
Inicialmente a associação dependerá quase que exclusivamente dos fundos obrigatórios que lhe serão remetidos pelos clubes associados, de acordo com os próprios estatutos. Tais fundos poderão ser, suponhamos, em quantia determinada entre 30 e 40% do lucro líquido obtido por qualquer dos clubes associados pela realização de qualquer actividade só desportiva lucrativa. Posteriormente, após uma fixação mais segura da associação, esta poderia iniciar também suas actividades lucrativas de índole desportiva ou não.
Isso quer dizer que os lucros obtidos pelos clubes, como resultado de actividades não desportivas não têm que ser repartidos com a associação. Actividades não desportivas entende-se como actividades económicas, como por exemplo a organização de concertos, bailes, serviços hoteleiros, etc.
Deve ficar bem claro que quanto mais encontros de futebol houver, maior será a capacidade de financiamento, por parte da associação, e maior será a veracidade dum mais rápido desenvolvimento do nosso desporto.
Portanto, não fazia nada mal se o número de jornadas dos nossos campeonatos fosse aumentado. Não fazia nada mal se os nossos campeonatos fossem realizados em quatro voltas em lugar das duas voltas actuais.
Não pode haver dúvidas que em breve a Associação dos Clubes se transformaria numa poderosa empresa capaz de fazer “milagres” no domínio do desporto.
A Associação poderia paulatinamente passar a realizar acções logísticas em relação aos desportistas, tais como: gratificação aos campeões, aos vencedores das taças, aos melhores marcadores, aos primeiros classificados e recordistas nacionais do atletismo, aos melhores árbitros, casos de doença, etc, etc, até dar um carácter de quasi-profissionalismo ao desporto nacional.
E será também certo que a associação há-de ocupar um lugar importante em matéria de apoio aos estudantes ex-desportistas, ou seja, aos estudantes que, na altura de abandonar o país para continuarem seus estudos no exterior, praticavam desporto com resultados positivos: campeões nacionais, recordistas, etc.
A ACD, funcionando de forma organizada e objectiva, estará em condições de influenciar a modificação dos campeonatos no país. Por exemplo, poderá influenciar no sentido de duplicação do número de voltas actuais dos campeonatos, o que dará às equipas um maior poder competitivo, bem como melhor preparação física dos jogadores. Além disso, poderá influenciar também a realização dum único campeonato da I divisão em São Tomé e Príncipe. Deste modo, a II divisão seria composta de 3 zonas, sendo duas em S. Tomé e uma no Príncipe, o que significaria que da I divisão desceriam 3 equipas em vez de duas actuais, enquanto que da II divisão subiriam igualmente três equipas conforme os vencedores nas respectivas zonas.
O aumento do número de voltas dos campeonatos para quatro, bem como a realização dum campeonato único da I divisão (São Tomé e Príncipe) poderão ser compensados com a diminuição do número de equipas da I divisão para 8, sendo, de partida, uma do Príncipe e sete de São Tomé.
A deslocação dos jogadores ou atletas entre as duas ilhas, bem como ao estrangeiro em competições internacionais, em representação dos clubes, poderia, num futuro próximo, ser assegurada pela ACD.
São muitas as facilidades que a ACD, supostamente, poderia oferecer à bem do desporto nacional, facilidades essas que duvidosamente poderiam ser oferecidas pelo Estado e, muito menos ainda, pelos clubes em separado.
Quem ainda se duvida de que a organização dos clubes só trará vantagens ao desporto em STEP em geral? As dificuldades só podem existir em relação ao funcionamento. Esse funcionamento será mais do que óptimo se se traçar um objectivo e trabalhar nesse sentido com ideias concretas e renovadoras.
Enfim!
No que diz respeito ao desporto, como única actividade que actualmente nos resta para nos colocarmos à vista do mundo, julgo que aqui foram apontadas as mais reais e palpáveis soluções ao seu despertar.
O desporto faz também parte da riqueza de qualquer povo. O desporto, em qualquer parte do mundo, desde que seja bem tratado, é uma empresa que não conhece o sabor do prejuízo. Façamos-lhe chegar aonde todos gostaríamos de o ver.
As escassas informações desportivas de STEP dizem que um ministro do governo actual, “bombardeou” os adeptos do desporto no país com a informação de que o desporto não consta do programa do governo. Não seria isso mais uma demonstração das lógicas da incompetência dos governos santomenses?
Vejamos: se fizermos uma retrospectiva estatística de todos os governos em STEP independente, é possível não encontrarmos um único programa em que o turismo não conste como uma actividade potencial sob a qual deve alicerçar a economia e desenvolvimento do país. É escusado falar do desenvolvimento turístico enquanto mais de 99% da população mundial, incluindo os agentes nos grandes aeroportos internacionais da Europa, América do Norte, Ásia, África e, inclusivamente, no próprio Golfo da Guiné, desconhecem o nome de um país que se dá pelo nome de São Tomé e Príncipe.
Todavia, o desporto é a grande via que possuímos para sairmos da estúpida incógnita.
Porque teria o referido ministro ridicularizado tanto o seu governo? Ou teria sido o próprio governo a se ridicularizar?
Havemos de saber?
Se formos unânimes em considerar o turismo uma fonte segura ao desenvolvimento do país e se decidirmos igualmente considerar o desporto um apoio firme ao desenvolvimento desse turismo, então …
Deixo a conclusão desta frase ao gosto dos dirigentes nacionais.
(Segue na próxima publicação)
Rafael
9 de Fevereiro de 2024 at 14:04
Bebado ou não, quem sabe?